domingo, 6 de abril de 2025

Mutirão de combate à dengue atende bairro Passo das Pedras, em Porto Alegre

 Região contabilizou a primeira morte deste ano pela doença no Rio Grande do Sul; ação foi liderada pela Secretaria Municipal de Saúde

Equipes percorreram a região para orientar os moradores e eliminar criadouros do mosquito transmissor da dengue | Foto: Fabiano do Amaral


Na manhã deste sábado, dia 5, equipes lideradas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizaram uma “varredura” nas residências da comunidade Passo das Pedras, em Porto Alegre, para identificar e eliminar possíveis focos do mosquito Aedes aegypti e conscientizar os moradores sobre a dengue. A caminhada teve início às 9h em três pontos de partida do bairro: nas unidades de saúde Passo das Pedras 1, Passo das Pedras 2 e Beco dos Coqueiros. Durante a mobilização, equipes percorreram a região para orientar os moradores e eliminar criadouros do mosquito transmissor da dengue.

O itinerário da caminhada, mapeado pelos agentes comunitários de saúde, foi organizado de acordo com a demanda de casos de dengue na região. Na Capital, os bairros com maior incidência por 100 mil habitantes, nesse momento, são Passo das Pedras, Jardim Itu, Jardim Floresta, Jardim Sabará e Morro Santana. De acordo com o painel de casos de dengue da Secretaria Estadual da Saúde, hoje, o Rio Grande do Sul tem 4.918 casos confirmados e três óbitos – em Alvorada, Cachoeira do Sul e Porto Alegre. O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) confirmou nesta sexta-feira, dia 4, o terceiro óbito por dengue no Estado, ocorrido em 25 de março. Nesta sexta, também foi confirmada, em Carazinho, a morte por chikungunya de um homem de 68 anos com comorbidades. Foi o primeiro registro desse tipo em toda a série histórica.

Fernanda Chassot, enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde e coordenadora da saúde na zona Norte, defende a importância dos mutirões para conscientização. “A gente só vai conseguir diminuir os casos de dengue se eliminar os criadores, e eles se formam dentro da casa da gente, no pátio, e às vezes a gente não percebe, porque o mosquito precisa de pouco volume de água [para proliferar]. Ela diz que o que mais preocupa os agentes são os pequenos recipientes, que também podem ser depósitos de ovos do mosquito. “Uma tampa de um reservatório de água, por exemplo, se ela ficar abaulada naquele fio de água, o mosquito consegue depositar os ovos”.

Na vistoria, os agentes entravam nas residências e observavam possíveis acúmulos de água em recipientes ou em calhas e demais locais onde existe a possibilidade de ser um ponto de de criador para o mosquito. Também aproveitavam a ocasião para conversar e orientar sobre o perigo da doença e sobre a vacinação, que atende a adolescentes de 10 a 14 anos.

A equipe entrou nos fundos de uma casa abandonada, localizada no acesso 1 do bairro, ao lado do número 106. Lá, encontraram garrafas de vidro e um tanque com água parada, grande foco para o mosquito da dengue, alertaram. Um dos agentes sugou apenas alguns ml de água com uma pipeta e, em uma puxada, foi possível visualizar três larvas do mosquito.

“Se vê muito, por exemplo, que as pessoas deixam potes de água para os cães da rua. A gente orienta que a água tem que ser limpa e trocada diariamente, passar uma esponja, fazer uma remoção mecânica do que fica embaixo do pote porque, senão vira um criadouro ali”, diz.

Multirão de combate à Dengue Fabiano do Amaral

“O nosso trabalho enquanto atenção primária é de prevenção, e faz parte desse nosso trabalho orientar as pessoas”, diz Fernanda Chassot, enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde e coordenadora da saúde na zona Norte

Rubens Saccol Ramos, agente de combate a endemias, anda com cloro ou água sanitária para limpar recipientes fixos, que não podem ser virados. O produto mata imediatamente possíveis larvas que estiverem no local. O agente lembra, porém, que a população precisa manter os locais limpos quando a equipe vai embora. De acordo com relatos, os cidadãos recolhem água da chuva, por exemplo, e não limpam ou desinfetam o recipiente. “As pessoas não conseguem se convencer que aquilo é um potencial criador", diz. Ele lembra que é possível guardar a água, desde que seja em um recipiente que possa ser bem vedado. Outra sugestão que o agente dá, na ausência de água sanitária ou cloro, é o uso de sal grosso, já que o mosquito só se reproduz em água doce. “Meio copo é suficiente”, diz.

Principais medidas para eliminar a formação de criadouros do mosquito:

  • Manter as caixas-d’água bem vedadas e com tela;
  • Lavar com água e escova, esponja ou bucha, e manter tonéis, galões ou depósitos de água bem fechados;
  • Evitar utilizar pratos nas plantas ou, se desejar mantê-los, colocar areia até a borda dos pratos de plantas ou xaxins;
  • Limpar e remover folhas das calhas, deixando-as sempre limpas;
  • Retirar água acumulada das lajes;
  • Desentupir ralos e mantê-los fechados ou com telas;
  • Colocar areia ou massa em cacos de vidro de muros;
  • Lavar plantas que acumulam água, como as bromélias, duas vezes por semana;
  • Preencher com serragem, cimento ou areia, ocos das árvores e bambus;
  • Tratar a água da piscina com cloro e limpá-la uma vez por semana;
  • Retirar a água da bandeja externa da geladeira e lavar com escova, esponja ou bucha;
  • Lavar bem o suporte para garrafões de água mineral a cada troca;
  • Lavar vasilhas de animais com esponja ou bucha, sabão e água corrente uma vez por semana;
  • Manter aquários para peixes limpos e tampados ou telados;
  • Manter vasos sanitários limpos e deixar as tampas bem fechadas;
  • Guardar garrafas vazias e baldes de cabeça para baixo;
  • Jogar no lixo objetos que possam acumular água, como latas, tampas de garrafa, casca de ovo e copos descartáveis;
  • Manter a lixeira sempre bem tampada e os sacos plásticos bem fechados;
  • Fazer furos na parte inferior de lixeiras externas;
  • Descartar ou encaminhar para reciclagem pneus velhos ou furá-los e guardá-los secos e em locais cobertos;
  • Em reservatórios de água abertos que não podem ser vedados, como cisternas e poços artesianos, recomenda-se cobrir com telas de malha fina.

Vacinação

Em 2024, a vacina contra a dengue foi incorporada ao Sistema Único de Saúde para crianças e adolescentes entre 10 anos e 14 anos que residem em localidades consideradas prioritárias, conforme critérios definidos a partir do cenário epidemiológico da doença ao longo dos últimos anos.

A Unidade de Saúde Passo das Pedras 1 está aberta das 9h às 15h para atendimento a pacientes com sintomas da doença, com febre acima de 38ºC acompanhada de dor de cabeça e dores no corpo.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), apenas 15 unidades de saúde estão com doses da vacina da dengue disponíveis. Não há previsão do Ministério da Saúde para envio de novas doses.

Correio do Povo

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