Cerca de 400 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra partiram de São Jerônimo no dia 22 de abril, e buscam diálogo com o governo estadual e federal
Há quatro dias, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a marcha estadual “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, em direção a Porto Alegre. Cerca de 400 pessoas, incluindo acampados e famílias assentadas, percorrem diversos municípios com o objetivo central da atenção do governo estadual e federal na reforma agrária, e reivindicar terra para novos assentamentos.
A ação faz parte das atividades do Abril Vermelho, em alusão aos 29 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, assassinato de vinte e um sem-terras pela polícia militar, 17 de abril de 1996, no município de Eldorado do Carajás, no sul do Pará, a mando do fazendeiro Ricardo Marcondes de Oliveira. No dia 10 de abril, o MST realizou uma ocupação na fazenda Orto Renner, área da CEEE Transmissão, no município de Triunfo.
O percurso da marcha começou às 6h do dia 22 de abril, e deve atingir 100 quilômetros. O grupo fez paradas em Arroio dos Ratos, Charqueadas e, hoje, está em Eldorado do Sul, em um espaço de assentamento da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados (Cootap) da região.
Entre as principais reivindicações do Movimento, estão pedidos para que o governo estadual indique áreas que atualmente estão sem uso, como a área Orto Renner em Triunfo, e também pressões para que o governo federal obtenha maior orçamento para o Instituto Nacional da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul (Incra), para a compra de terras para a reforma agrária ainda em 2025.
Ainda não há uma previsão certa para a chegada das famílias em Porto Alegre, mas os acampados estimam entre segunda-feira, dia 28, e terça-feira, dia 29. De acordo com Camila Marques, dirigente estadual à frente da marcha do MST do Rio Grande do Sul, o movimento quer diálogo com o governo federal e estadual.
“A gente vai chegar em Porto Alegre para cobrar do governo a nossa pauta, que é a luta pela terra, saúde, educação, vida digna para as famílias e soberania alimentar para o campo e para cidade. Queremos cobrar também o retorno das enchentes, já que muitas famílias foram atingidas. Temos famílias que precisam do reassentamento”, diz.
Marlon Vargas, também da direção estadual do MST no Rio Grande do Sul, afirma que a reforma agrária deve beneficiar não só as famílias acampadas que, segundo ele, chegam a 1.600, mas a sociedade gaúcha. "É pela questão da função social da terra. É o trabalho na terra para produção de alimentos saudáveis. Temos diversas linhas de produção dentro dos assentamentos”, afirma, acrescentando que o MST é o maior produtor de arroz agroecológico da América Latina, além de contribuir com a produção de hortas, gado, carne, frigoríficos e hortifruti.
"O nosso objetivo é que, a partir desse processo, que as ações dos ambos governos, tanto do estado quanto federal, sejam passivos de concretude na desapropriação e nesse processo de colocar as famílias no processo de assentamento para já iniciar um processo de produção de uma vida digna a partir da lógica camponesa", completa.
O MST já foi recebido por representantes do governo estadual no dia 10 de abril, mas segundo Marlon e Carla, sem muitos avanços. Uma nova agenda está marcada com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, e outros secretários envolvidos para discutir suas reivindicações no próximo dia 30 de abril, às 14h.
Correio do Povo
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