A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, chegou ao Brasil nesta quarta-feira (16) após receber asilo diplomático concedido pelo governo brasileiro.
A autorização foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do Peru, que afirmou ter sido informado pela Embaixada do Brasil em Lima na noite desta terça-feira (15). Uma aeronave da Força Aérea Brasileira foi a responsável pelo transporte da cidadã peruana, como informa a Folha de São Paulo.
Dados da plataforma de rastreamento de voos FlightRadar24 apontam que o Embraer ERJ-135LR (Legacy 600) de matrícula FAB2560, pertencente ao Grupo de Transporte Especial (GTE), responsável pelo transporte do alto escalão do governo federal, realizou um voo nesta manhã na rota Brasília – Cuiabá – Lima – Cuiabá – Brasília, transportando Nadine.
Até o momento, a Força Aérea Brasileira não informou qual órgão exatamente solicitou o voo da aeronave, que foi a mesma utilizada pelo então ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), para comparecer a um leilão de gado em fevereiro de 2023.
Heredia, que foi condenada no mesmo dia a 15 anos de prisão por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro, recorreu à sede diplomática brasileira após uma ordem de prisão ser emitida contra ela. A decisão judicial inclui ainda o ex-presidente Ollanta Humala, seu marido, que também recebeu pena de 15 anos pelos mesmos crimes. Ambos foram considerados culpados por receber recursos ilegais da construtora Odebrecht e do governo venezuelano para financiar campanhas eleitorais em 2006 e 2011.
Segundo a imprensa peruana, Heredia se refugiou na embaixada brasileira acompanhada de um dos filhos menores do casal. A concessão do asilo foi baseada na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual Brasil e Peru são signatários.
O ex-presidente Humala, que governou o país entre 2011 e 2016, deverá cumprir sua pena em uma instalação policial reservada a ex-mandatários e outras lideranças políticas. Sua defesa já anunciou que pretende recorrer da sentença.
A investigação contra o casal durou mais de três anos e ganhou notoriedade ao envolver repasses da Odebrecht, cuja atuação irregular em vários países latino-americanos provocou uma série de escândalos. Os procuradores alegam que, além dos valores enviados pela empreiteira brasileira, o casal teria recebido quase US$ 200 mil do governo de Hugo Chávez durante a campanha presidencial de 2006 — o que ambos negam.
Heredia não compareceu ao julgamento alegando problemas de saúde, o que levou a Justiça a ordenar sua prisão imediata. Policiais chegaram a cercar sua residência em Lima no início da tarde, mas ela não foi localizada. Poucas horas depois, foi confirmada sua entrada na representação diplomática brasileira, onde pediu proteção internacional.
Aeroin
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