terça-feira, 22 de abril de 2025

Ex-assessora de imprensa do San Lorenzo: "Para nós, foi um antes e um depois dele"

 Jornalista argentina conta como foi a relação do Papa Francisco com o clube de Buenos Aires para quem ele torcia

Papa Francisco e ex-Assessora do San Lorenzo Marcela Nicolau | Foto: Arquivo Pessoal / CP


Marcela Nicolau tem 52 anos, é argentina, jornalista e trabalhou por vinte anos na assessoria de imprensa do San Lorenzo, de Almagro, região de Buenos Aires onde reside o time do Papa Francisco. Para sorte dela e dos apaixonados pelo 'Cuervo', o torcedor mais ilustre do time era também pé quente. O maior momento da vida do clube, assim como o tricampeonato mundial da seleção de Messi, foi durante o papado encerrado nesta segunda-feira com sua morte.

Marcelita, como é conhecida, teve o privilégio de conhecer pessoalmente Jorge Mario Bergoglio, nome do padre que, antes de ser um dos rostos mais conhecidos do mundo, rezava missas na capela do bairro com as cores azul e vermelha antes de trocar Buenos Aires pelo Vaticano. O gosto por futebol e o fanatismo pelo San Lorenzo alteraram a rotina do trabalho dela desde o anúncio do primeiro argentino Papa da história. Em contato com o Correio do Povo, a jornalista relembra os momentos em que esteve perto do carismático e franciscano pontífice

Como recebeste a notícia?
Além dos problemas de saúde do Papa Francisco, a notícia de sua morte me comoveu profundamente.


Qual a tua lembrança quando ele foi anunciado Papa e que viu-se depois era também torcedor do San Lorenzo?
Foi muito curioso o que aconteceu naquele dia. Eu estava no escritório da sede administrativa do Clube e recebi uma ligação da imprensa brasileira, acho que era do jornal O Globo. Eles me pediram informações e fotos de Jorge Bergoglio sobre seu fanatismo pelo San Lorenzo. Naquele momento, lembro-me de montar uma pasta na área de trabalho do meu computador com todo o material disponível. Poucos minutos depois, o então presidente do clube Matías Lammens chega ao escritório e conto a ele sobre a preocupação da mídia brasileira. E surpreso, ele responde: "Que loucura, temos um Papa Corvo" (apelido do clube por ter sido fundado pelo padre Lorenzo Massa). E logo depois, ouvimos a notícia da nomeação de Francisco. Para nós, foi um impacto enorme. Mídias do mundo inteiro começaram a se comunicar e visitar nosso estádio. Foi uma revolução.

Em 2014, ele recebeu o time do San Lorenzo campeão da Libertadores. O que tu te lembras daquele encontro?
Pouco depois de ele assumir, o San Lorenzo, em dezembro de 2013, venceu o campeonato local, e dirigentes e alguns jogadores do elenco levaram o troféu ao Papa no Vaticano. A mesma coisa aconteceu em 2014, quando conquistamos a Libertadores.

Tens alguma história que guardes como recordação especial com ele?
Em setembro de 2016, a pedido do Francisco, o San Lorenzo viajou para a Itália para jogar contra a Roma na Family Cup. Antes da partida, ele também deu as boas-vindas aos dois clubes no Vaticano. (...) Houve trocas de presentes. No local reservado onde fomos recebidos, ele permitiu que fossem feitas fotos e vídeos, o que não é permitido. Ali há somente os registros oficiais por parte do Vaticano. Mas ele dizia: "É só porque vocês são do San Lorenzo". Ele era muito fanático e teve um momento emocionante. O presidente sabia de uma particularidade relacionada à família do Papa e o San Lorenzo, e o presenteou com uma camisa de basquete: "Meu pai jogou basquete, meu pai jogou basquete", repetiu emocionado.

O que tu achas que mudou para os torcedores do San Lorenzo desde que o primeiro Papa sul-americano da história se declarou torcedor do clube?
Para nós foi um antes e um depois dele. O San Lorenzo é um grande clube na Argentina, mas com um embaixador como Francisco, ele se tornou ainda mais conhecido internacionalmente.

Correio do Povo

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