sábado, 12 de abril de 2025

“Eu não expulsei ninguém”, comenta Nasi sobre cancelamento de shows do IRA! no sul do país

 Banda cancelou shows nas cidades de Caxias do Sul, Jaraguá do Sul, Blumenau e Pelotas após polêmica em show em Minas Gerais

"Não quero ter público fascista", diz Nasi vocalista da banda Ira! | Foto: Tercio Esperandio / Divulgação / CP


A produtora 3LM Entretenimento anunciou nesta quinta-feira o cancelamento de quatro shows da turnê "Acústico 20 Anos”, da banda IRA!, nas cidades de Caxias do Sul, Jaraguá do Sul, Blumenau e Pelotas. Apesar disso, o evento de Porto Alegre, em novembro, está mantido.

Tudo começou quando o vocalista da banda, Nasi, em um show anterior na cidade de Contagem (MG), gritou “sem anistia”. Um grupo da plateia começou a vaiar em direção ao palco. Diante disso, o cantor declarou que muitas pessoas vão aos shows sem que entendam o posicionamento do grupo e pediu para que essas pessoas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, se retirassem e se afastassem da trajetória do grupo.

Para a Billboard Brasil o músico se manifestou em entrevista por telefone. Ele comentou que todos os shows “foram cancelados em comum acordo com o contratante” e que houve “um bombardeiro desses fascistas”. Porém, ele afirma que a banda saiu maior do entrou na história toda. A próxima apresentação do grupo será em Dourados (MG), no dia 25 de abril.

O que aconteceu

Na entrevista, Nasi falou sobre os bastidores do evento. Segunda sua versão, como frisa o músico, ele “estava no show, tranquilo. Em um determinado momento do show, o público, a maioria, começou a entoar ‘Sem anistia!’”.

“Inclusive, foi engraçado porque foi no meio de ‘Rubro Zorro’. E era eu cantando ‘O caminho do crime o atrai’ e o público gritando ‘Sem anistia!’. Ficou perfeito, né? Acabou a música, eu realmente dei apoio. Falei: ‘É isso aí! Sem anistia!’. Aí, eu comecei a ser hostilizado por um grupinho —que teve o seu direito de dar opinião, que é a favor da anistia, e eu também tive o meu direito de comentar a vaia deles”, disse o vocalista à Billboard.


Para Nasi, as pessoas deveriam ter outras preocupações: “A discussão deveria ser: ‘vamos tentar ver a questão com isometria’. Mas impunidade para os golpistas? Para planos de assassinato? A gente estaria em uma ditadura. É muito sério isso. A maioria da população brasileira já mostrou que é contra a anistia.”, declarou.

Ele ainda apontou que não expulsou ninguém do show. “Eu falei assim: ‘Olha, vocês não conhecem a história do Ira, não conhecem as letras do Ira!’”. Nasi explica que o Ira! é uma banda progressista, e que prezam pela democracia e que passaram pela ditadura. “Eu não quero ter público fascista. Agora, se o público fascista, de extrema-direita, quer consumir minha música, o que eu posso fazer? Posso fazer nada. Não é do meu agrado, sabe? Eu não quero”, disse o músico.

E completou, mencionando outras bandas: “Tem outras bandas. Vão curtir Ultraje a Rigor. Eu tenho 50 shows até o final do ano. O Ultraje tem seis. Por que eles não vão encher o saco dos contratantes para contratar esses porras?”.

Ao ser questionado qual seria a sua reação caso os shows no sul do país não fossem cancelados, Nasi apontou que não esperava toda a repercussão e frisou que não cometeu nenhum crime. E fez crítica ao cantor sertanejo Gusttavo Lima, “eu não sou cantor que está respondendo por lavagem de dinheiro com o PCC. Não é? Você sabe de quem eu estou falando… Do Gusttavo Lima. O ídolo deles. Eu tenho que ter vergonha? Ou ele? Não tô falando que ele é culpado… Mas só de responder um processo desse, já é uma coisa muito ruim”, disse.

O impacto

Nasi afirmou para a Billboard que 80% das mensagens que recebeu em suas reses sociais estavam o apoiando. Enquanto as outras mensagens que o chamavam de “comunista lixo” pouco afetaram a banda. E concluí: “Meu Instagram cresceu 10% —e bloqueamos muita gente”.

Correio do Povo

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