Às margens do Guaíba, nome do bairro pode ser homenagem ao militar Bento Gonçalves
Às margens do Guaíba e hoje referência de construções modernas como a Orla e dois shopping centers, o bairro Cristal é abraçado por ao menos duas histórias populares que buscam contar a sua origem. Uma delas remonta à Guerra dos Farrapos, revolta armada que ocorreu entre 1835 a 1845. Já uma segunda homenageia as belezas naturais e preciosas existentes na região. O que se sabe oficialmente é que o bairro foi criado, e definido por lei municipal, em 1959.
📍Uma homenagem a Bento Gonçalves ou presença de pedras brilhantes?
Uma das versões teria relação com Bento Gonçalves, militar que liderou a tomada de Porto Alegre durante a Guerra dos Farrapos, declarando a República Rio-Grandense. O militar morava em uma chácara chamada Vila Cristal, na cidade onde depois se tornou Camaquã, e visitava de forma recorrente a região do bairro Cristal, acampando com sua trova. Assim, o nome do arrabalde teria sido dado em homenagem à presença do líder naquelas terras.
Uma outra história já atribui o nome às belezas da natureza do bairro: as águas cristalinas, que teriam propiciado a pescaria, e também dos quartzos transparentes que reluziam ao sol e podiam ser vistos de longe.
📍Pousada era destinada a imigrantes
A região se manteve estritamente rural e desligada do centro da cidade até a virada do século. O desenvolvimento começou a despontar a partir da instalação de uma Hospedaria para Imigrantes, em 1891. O local da construção é onde se instalou, posteriormente, o Hipódromo.
Parte da hospedaria também chegou a ser utilizada, em 1899, para fins de alojamento pelo 3º Batalhão da Infantaria da Brigada Militar em 1899. Nesta época, o meio de transporte utilizado era a Estrada de Ferro do Riacho, onde os oficiais e praças da BM tinham passe livre.
Em 1907, o Cristal passou a ser referência de mais uma instalação militar, desta vez construída pela própria milícia militar. A Enfermaria da Brigada Militar mais tarde foi denominada de Hospital.
📍Vendaval às margens do Guaíba
Em letras maiúsculas destacadas com fundo preto o Correio do Povo anunciou: “AMPLITUDE, MAJESTADE, BELEZA NO NOVO”. Esse foi o título da reportagem, publicada em 22 de novembro de 1959, sobre a inauguração do hipódromo do Cristal no dia anterior.
A construção da estrutura para os eventos de turfe foi ponto crucial para a popularidade e engajamento dos moradores com o bairro, que nesta época já tinha ganhado avenidas asfaltadas e um plano viário.
Para dar espaço ao hipódromo, o Lago Guaíba precisou ceder um pedaço de sua margem, que foi aterrada.
“Ventou muito. Ventou demais, em toda a cidade, mas o público do Cristal ficou pensando que o vendaval era exclusivo do majestoso hipódromo à beira-rio”, contava a reportagem.
📍Destino Cristal
Antes mesmo da virada do século, a paisagem do bairro já começava a mudar com a presença de mais casas. Esse desenvolvimento é acompanhado pelos bairros vizinhos, com o Tristeza, conforme já contou o Redescobrir a Cidade. Mas também porque ele foi opção de residência tranquila e barata ante a grande concentração populacional e comercial na área central de Porto Alegre. Para se ter uma noção, em 1900, o município já tinha uma população de 73.274 habitantes.
🏡 A história dos bairros
Desde março, o Redescobrir a Cidade está contando a história dos bairros de Porto Alegre e a origem de seus nomes. Além da história do bairro Cristal, você também ler:
- Glória: a história do tradicional bairro da zona Sul de Porto Alegre
- Tristeza só no nome: a origem do bairro famoso por praias, festas e corridas
Correio do Povo
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