Prefeito citou que brigadiano morto em perseguição havia atuado na ocorrência do ataque a professora: “penúltima tarefa que exerceu”
Dois crimes violentos registrados em Caxias do Sul na terça-feira, 1, motivaram um ato solene de repúdio por parte da Câmara Municipal, na sessão ordinária desta quarta-feira, 2.
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental João de Zorzi, no bairro Fátima Baixo, uma professora foi esfaqueada por estudantes com idades entre 13 e 15 anos. Na mesma data, o soldado da Brigada Militar, Lucas Alexandrino Nazario da Silva, de 27 anos, morreu após um acidente de trânsito, ocorrido durante uma perseguição, no entroncamento da avenida São Leopoldo com a rua Visconde de Pelotas.
Durante o ato, o prefeito Adiló Didomenico afirmou que, simbolicamente, as facadas atingiram toda a comunidade. “Não condiz com o DNA e nem com o espírito coletivo de Caxias. O soldado Lucas também esteve naquela escola ontem. Foi a penúltima tarefa que exerceu antes de ir a óbito. Temos que devolver a autoridade e o respeito a figura do professor”, salientou.
O chefe do Executivo pediu a revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para ampliar as punições a menores infratores. Adiló informou que será constituída uma comissão representativa para aprofundar as discussões sobre melhorias na segurança das escolas e anunciou a ampliação de patrulhas.
A secretária municipal da Educação, Marta Fattori, disse ter 30 anos de carreira como docente e que entende a necessidade de ampliação dos quadros profissionais e de conscientização sobre condutas, no âmbito escolar. “Uma sociedade precisa ser vista por todos. No momento, estamos desenvolvendo um novo sistema de gestão, a fim de agilizar o trabalho diário de cada professor”, afirmou.
O delegado regional da Serra, Augusto Cavalheiro Neto, espera que os fatos de ontem sirvam como aprendizado, para uma evolução social. Lamentou que, pelo ECA, uma tentativa de homicídio por adolescentes não gere mais do que três meses de recolhimento, no sistema da Fase/RS.
Na mesma linha, o secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, Paulo Roberto Rosa da Silva, garantiu que os órgãos do setor público já trabalham de maneira integrada. Ressaltou que a Guarda Municipal é presente nos momentos de entrada e saída dos colégios e que a atuação da corporação será intensificada junto aos educandários.
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), Silvana Piroli pontuou que, nos últimos anos, vêm sendo recorrentes as atitudes de violência e desrespeito à autoridade dos professores. Pediu que a rede de ensino passe a contar com assistentes sociais e psicólogos, como exige a legislação específica.
Para Silvana, os docentes precisam ser protegidos e valorizados. “Faltam patrulhas escolares e, inclusive, o devido reconhecimento nas remunerações. Enquanto o índice de correção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) de 2024 aumentou em 6%, a reposição inflacionária do período, em Caxias, foi de apenas 4%”, criticou.
As autoridades se pronunciaram no espaço regimental de convidados ilustres. Terminado o ato em plenário, representantes de categorias e manifestantes se dirigiram para outras atividades. A previsão é de que as aulas sejam retomadas na quinta-feira.
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário