domingo, 16 de março de 2025

Polícia gaúcha recebe novos delegados em meio à queda no efetivo

 Turma de 19 formandos foi recepcionada na sede da Associação dos Delegados do RS

Associação recepcionou 19 novos delegados | Foto: Marcel Horowitz / CP


Uma turma de 19 novos delegados será incorporada às fileiras da Polícia Civil gaúcha. Na noite de quinta-feira, o grupo foi recebido na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep), no bairro Azenha, em Porto Alegre. O reforço dá folego ao efetivo, mas a oscilação no número de profissionais ainda preocupa a categoria.

O grupo é oriundo do último concurso público, realizado em 2018, pelo Executivo Estadual. A expectativa é de que os recém-formados na Academia de Polícia (Acadepol) passem a integrar a segurança pública ainda no primeiro semestre do ano.

De acordo com informações da Asdep, o histórico recente do quadro de delegados na ativa apresentou oscilação nos últimos 10 anos. Em 2015, havia 524 membros da classe em atuação no Estado. Já em 2019, o número caiu para 435, o menor da década.

O levantamento mais recente é de março e atesta que há 498 delegados em atividade em solo gaúcho. Agora, com os formandos, o contingente chegará a 517.

Na visão do presidente da Asdep e ex-chefe de Polícia, Guilherme Wondracek, o reforço na segurança pública merece ser celebrado, mas o atual quadro ainda está longe de ser o ideal. Ele aponta a falta de valorização como principal causa do baixo efetivo.

"O mundo do crime está cada vez mais organizado. Na contramão disso, temos uma polícia pouco valorizada e com queda no número de profissionais. Isso é um problema que pode afetar a qualidade do trabalho da Polícia Civil como um todo, o que, consequentemente, também atinge a população”, avaliou o delegado Wondracek.

A evasão ainda pode ser observada em outros cargos da PC. Conforme o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores do RS (Ugeirm), em 2023, foram 61 exonerações, agravadas por mais 48 no ano passado. Como se isso não bastasse, desde o último mês de janeiro, ocorreram outras 19.

O vice-presidente do Ugeirm, Fábio Nunes Castro, indica que a média de exonerações em 2025 é de uma a cada quatro dias. Ele também aponta a falta de valorização como motivo do cenário atual.

"Nesse ritmo, teremos um recorde nunca visto de exonerações na polícia gaúcha. Isso é resultado dos baixos salários e das péssimas condições de trabalho. Na semana passada, por exemplo, houve um novo princípio de incêndio, desta vez na DP de Camaquã. A situação pela qual atravessam os profissionais da segurança pública é catastrófica”, enfatizou o vice-presidente do Ugeirm.

Correio do Povo

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