sábado, 22 de março de 2025

Melo diz que aportes do governo do Estado não garantem manutenção de serviços de saúde

 Secretária da Saúde deve se reunir na próxima segunda com governador para apresentar as demandas da Capital

Prefeitura conta com aportes estaduais para transformar pronto atendimentos em UPAs | Foto: Pedro Piegas

O governo do Rio Grande do Sul e a prefeitura de Porto Alegre estão em tratativas para encontrar uma solução para o caos no sistema de saúde da capital gaúcha. O município aguarda uma resposta, que deve vir na segunda-feira, após reunião dos secretários estadual e municipal da área, Arita Bergmann e Fernando Ritter, respectivamente. Contudo, dificilmente não haverá necessidade de fechamento de serviços.

“Estamos numa negociação. Fechar os serviços, vamos ter que fechar. Talvez fechar menos. Não seria justo e honesto que eu lançasse (uma definição antes das negociações), mas vai ter cortes”, afirmou o prefeito Sebastião Melo (MDB), em entrevista.

Arita deve se reunir na próxima segunda-feira com o governador Eduardo Leite (PSDB) para apresentar as demandas de Melo. Após, deve emitir uma resposta à prefeitura da Capital.

Durante o encontro dos dois secretários, foi garantido um repasse de R$ 8 milhões do governo estadual para a finalização das obras dos prontos atendimentos da Lomba do Pinheiro e da Bom Jesus, o que permite pleitear a habilitação dessas unidades como UPAs junto ao Ministério da Saúde e asseguraria um repasse mensal de R$ 1,2 milhão para o custeio dos serviços. Na segunda, o Estado também deve apresentar uma definição sobre o possível aporte para cobrir o déficit financeiro do Hospital de Pronto Socorro (HPS).

É previsto, inclusive, que o HPS esteja entre os hospitais que terão serviços suspensos. Segundo Ritter, o setor de queimados, que hoje atua como referência, seria fechado para moradores de fora da Capital. Com isso, ainda que deixasse de receber os R$ 96 mil da União – por ser referência na área – teria cerca de R$ 2 milhões sobrando em caixa para poder aplicar em outros setores e desafogar outras pontas, explicou.
Outras instituições que recebem aportes da Capital para realização de consultas especializadas e cirurgias também devem ser afetadas. “Aquilo que não vale a pena dividirmos com o Estado, eu vou devolver para o Estado”, afirmou o secretário, ao queixar-se da ausência de aportes do Piratini para dividir a conta daqueles pacientes de fora de Porto Alegre, em especial da Região Metropolitana.

Demandas da Capital

Há pelo menos três pleitos de Melo que deverão ser debatidos entre Leite e Arita. Um deles é a criação de uma câmara de compensação. “Somos referência para 200 municípios, mas aqui chegam pacientes de 497 municípios. E o dinheiro do SUS desse paciente está direcionado para o município que ele veio. Por meio dessa câmara, no final do mês, quem tem que pagar é o município que mandou o paciente para cá”, disse Melo. “Se não resolver, vamos ao governador.”

Outro movimento que está sendo realizado pela Capital é uma articulação com as cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Ritter se reunirá com Alvorada na segunda-feira, com Guaíba na quarta, com Sapucaia do Sul na quinta e com Viamão, Gravataí e Cachoeirinha na sexta.

É fácil para prefeitos que não são referência mandar (os pacientes) para Porto Alegre. Quem mais é referência na RMPA (Região Metropoliana)? Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul. Essa rodada na região é para discutir isso. O Pronto Socorro de Canoas está fechado e gera um impacto direto. Ele era anteparo do Pronto Socorro de Porto Alegre. Hospitais de Viamão, Cachoeirinha e Alvorada estão funcionando precariamente. Está cheio de problemas. Levamos ao governo do Estado que temos que dividir responsabilidades”, declarou Melo.

Mesmo com um retorno positivo, o prefeito acredita que dificilmente não haverá fechamento de serviços. Ele deu um exemplo: “O Santa Ana, hospital ligado ao Mãe de Deus, tem hoje 191 leitos. Ele vinha sendo custeado pela filantropia e, desde o ano passado, estamos aportando R$ 1 milhão lá. Eles querem R$ 2,6 milhões. Eu não tenho como dar. Significa que ali é um dos cortes, pois não vamos conseguir manter”.

A reportagem buscou contato com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann. Sua assessoria informou que ela se pronunciará somente após a reunião com Leite, na segunda-feira.


Correio do Povo

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