sábado, 29 de março de 2025

Mãe descreve homem que jogou filho de ponte em São Gabriel como “ciumento e possessivo”

 Ex-companheira e mãe da criança prestou depoimento na quarta-feira e falou sobre a separação que teria sido o pivô do crime



A mãe do menino de 5 anos, morto pelo próprio pai ao ser atirado de uma ponte, relatou à Polícia Civil que o ex-companheiro, Tiago Ricardo Felber, 40 anos, era um homem ciumento e possessivo. Segundo ela, não havia histórico de agressões físicas, mas ele tinha um comportamento instável e se exaltava com frequência.

A insatisfação dele com o término da relação, ocorrido em novembro do ano passado, teria sido o motivo do crime, registrado na última terça-feira na cidade de São Gabriel, na Fronteiroa-Oeste, como uma espécie de vingança à ex-mulher.

De acordo com o delegado Daniel Severo, responsável pelo caso, a mulher relatou que Felber não aceitava o fim do relacionamento. “Ela estava já um pouco cansada do convívio com ele, porque ele era bastante possessivo, bastante ciumento”, afirmou Severo.

O casal havia se mudado para São Gabriel em 2020 para ficar próximo da irmã de Felber, mas, segundo o depoimento da mulher, a mudança resultou no afastamento dela da própria família. Além disso, ela também relatou insatisfação com problemas financeiros. “Eles tinham vindo para São Gabriel para trabalhar, mas não tinha dado muito certo e ela se sentia isolada”, explica Severo.

Mesmo com histórico possessivo, o único caso de violência registrado por ela contra o ex-companheiro ocorreu durante o período de mudança, quando ele chegou a quebrar bens dentro de casa. A mulher registrou um boletim de ocorrência online, mas optou por não dar continuidade ao processo.

Apesar da situação que motivou a mulher a dar fim ao relacionamento, a separação era vista por Felber como “imotivada e surpreendente”, o que lhe teria causado um grande “trauma”. Com término da união, a mulher e a criança se mudaram para Nova Hartz, no Vale do Sinos.

No último fim de semana, Felber buscou o filho na casa da mãe, para passar alguns dias e comemorar com ele o seu aniversário em São Gabriel. “Segundo a mãe, ele era um bom pai e ela não relatou episódio de violência contra ela ou contra o filho”, acrescentou o delegado.

Na noite de segunda-feira, segundo a investigação, o homem tentou esganar a criança, mas o menino sobreviveu. Já no dia seguinte, Felber colocou o filho em uma bicicleta e circulou pela cidade – fato que foi flagrado por câmeras de segurança -, antes de levá-lo até a ponte sobre o Rio Vacacaí, onde o arremessou de uma altura de cerca de 10 metros.

Após cometer o crime, Felber mandou mensagens para familiares relatando o que havia feito. Em um dos áudios, disse à ex-mulher: “Fiz uma loucurinha agora. ‘Guenta’ o coração para o resto da vida”. Depois, ele almoçou normalmente e, cerca de uma hora depois, se apresentou à polícia.

O delegado Severo afirmou que Felber admitiu ter planejado inicialmente matar a ex-companheira, mas mudou de ideia e decidiu tirar a vida do filho. “Ele não é totalmente frio, mas é alguém determinado a se vingar. Ele expressou sentimento, mas arrependimento não. Ele disse que ela se arrependerá antes que ele”, disse o delegado.

O homem teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e deve responder ao processo em regime fechado. A Polícia Civil segue investigando o caso e aguarda laudos periciais para esclarecer todos os detalhes do crime.

Delegado rechaça versão de “agressões” da defesa

De acordo com o advogado Roberto Leite, que representa o investigado, a defesa pretende pedir o relaxamento da prisão, pois, em seu depoimento na Delegacia, o suspeito estava “desacompanhado de um advogado”.

Além disso, segundo Leite, Felber alegou ter sido agredido pela Brigada Militar (BM) e pela Polícia Penal, mas a situação é rechaçada pelo delegado responsável pelo caso. “É uma coisa leviana. O interrogatório é um ato que acontece dentro da Polícia Civil, sem presença de agentes penitenciários, policiais militares. Eu não sei o que é mais absurdo nessa alegação”, afirmou.

A defesa de Felber pede, também, que ele seja transferido para a Penitenciária de Santa Maria ou Charqueadas.

Correio do Povo

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