quinta-feira, 27 de março de 2025

INVERSÃO DE VALORES - 26.03.25

 Por Alex Pipkin

 

O progresso da humanidade nunca veio de comitês ou decisões coletivas abstratas, mas sim de indivíduos que ousaram pensar, correr riscos, e agir por conta própria.
Em algum momento da história recente, o mundo começou a se perder na abstração do coletivo. O indivíduo, antes visto como protagonista de sua própria vida, passou a ser cada vez mais pressionado a se curvar diante de uma suposta obrigação moral de “salvar o mundo”. O discurso mudou: não basta ser competente, eficiente e buscar o próprio crescimento, é preciso se sacrificar pelo todo, mesmo que isso signifique abrir mão dos próprios interesses, da própria visão de mundo e até da própria dignidade.
Essa inversão de valores não ocorreu de maneira abrupta, mas foi sendo cultivada ao longo do tempo. O mérito individual, outrora celebrado como motor de progresso, passou a ser questionado. O esforço pessoal foi relativizado sob a ótica da “desigualdade estrutural”, e o sucesso, ao invés de ser visto como fruto da dedicação, passou a ser interpretado como um privilégio injusto. Com isso, a meritocracia foi transformada em um conceito quase ofensivo, como se defender que indivíduos colham os frutos do próprio trabalho fosse uma visão ingênua ou até mesmo cruel.
Mas essa mudança de mentalidade não foi espontânea. Há um claro interesse político por trás da substituição do indivíduo pelo coletivo. Quando pessoas deixam de buscar reconhecimento pelo que fazem e passam a exigir relevância pelo grupo ao qual pertencem, cria-se um ambiente perfeito para o fortalecimento de uma cultura de vitimismo e mediocridade. Em vez de buscar crescimento e excelência, muitos passam a reivindicar privilégios e compensações baseadas em sua identidade. O resultado? Uma sociedade onde o que importa não é o mérito, mas sim a capacidade de se enquadrar em uma narrativa de opressão.
O mundo começou a premiar não quem produz, mas quem se encaixa melhor nos rótulos certos. A conversa sobre gênero, raça e outros marcadores sociais, quando conduzida nesse viés coletivista, apaga a figura do indivíduo. O que antes deveria ser uma busca por oportunidades iguais para todos foi transformado em um discurso onde as pessoas não são mais vistas como únicas, com seus próprios desafios e conquistas, mas apenas como representantes de grupos historicamente definidos como oprimidos ou opressores. Essa fragmentação da sociedade não promove a verdadeira justiça, mas sim divisão e ressentimento, e, no final das contas, beneficia apenas aqueles que se colocam como mediadores e “salvadores” dessa nova luta de classes.
A verdade é que não são os mais caridosos que constroem um mundo melhor, e sim os mais eficientes. A “boa caridade” alivia sintomas temporários de problemas sociais, mas não resolve suas causas. O que realmente transforma a sociedade são indivíduos que inovam, empreendem, constroem e criam valor, não porque estão tentando “salvar o mundo”, mas porque querem melhorar suas próprias vidas. É essa busca pessoal que, no final, gera riqueza, progresso e bem-estar para muitos.
Essa ideia de subordinar o indivíduo ao coletivo se reflete em diversas áreas. A própria psicanálise, por exemplo, passou por um deslocamento semelhante. O que antes era uma ferramenta para que o indivíduo compreendesse suas próprias dores e tomasse melhores decisões foi, em muitos círculos, transformado em um instrumento para moldar a sociedade de acordo com pautas coletivistas. A terapia, que deveria ser um espaço de fortalecimento pessoal, foi sequestrada por discursos que colocam o coletivo acima do sujeito. Isso reflete exatamente a mentalidade predominante: a de que o mundo só pode melhorar se as pessoas se sacrificarem por uma ideia abstrata de justiça social, e não se cada uma buscar seu próprio crescimento.
Isso parte de um equívoco fundamental: pessoas não são átomos isolados, mas também não são meros produtos do grupo em que nasceram. Elas interagem em sociedade, mas continuam sendo indivíduos únicos, com liberdade de escolha, vontade própria e responsabilidade sobre suas decisões. Grupos, por si só, não pensam, não decidem e não criam. Apenas indivíduos fazem isso. O progresso real não vem de uma “decisão coletiva”, mas das escolhas individuais daqueles que decidem agir, correr riscos, inovar e transformar.
Ao deslocar o foco do indivíduo para o coletivo, o que se perde não é apenas o mérito pessoal, mas a própria lógica que sustenta o desenvolvimento da sociedade. Quando as pessoas deixam de enxergar a si mesmas como responsáveis pelo próprio destino, passam a depender de estruturas coletivistas que não apenas falham em criar prosperidade, mas sufocam aqueles que tentam se destacar.
A solução, portanto, não está em salvar o mundo. Está em fortalecer o indivíduo. Não existe mudança estrutural sem que os indivíduos sejam fortes, autônomos e capazes de buscar o que é melhor para si. O progresso não nasce de utopias coletivistas, mas de pessoas reais, com ambições reais e vontade de crescer.
O mundo não precisa de mártires do coletivo. Precisa de indivíduos que pensem, criem e construam.
A história não celebra grupos anônimos, ela celebra aqueles que tiveram coragem de agir.


Pontocritico.com

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