quarta-feira, 19 de março de 2025

Estreia do Inter na Libertadores pode reviver rivalidade de 1989 contra o Bahia

 Naquele ano, baianos venceram o Brasileirão, mas foram eliminados pelos colorados na Libertadores na sequência

Na soma dos seis duelos entre Inter e Bahia, foram três vitórias baianas, uma colorada e dois empates | Foto: Roberto Santos / CP Memória


estreia do Inter na Copa Libertadores já tem data marcada: será no dia 3 de abril, em Salvador, contra o Bahia. O duelo, que marca o reencontro das duas equipes na principal competição do continente, já foi uma das principais rivalidades do país no início de 1989. Naquele ano, colorados e tricolores se enfrentaram seis vezes em 70 dias, com todas as partidas tendo caráter decisivo. Os baianos levaram a melhor no Campeonato Brasileiro, ficando com o título, enquanto os gaúchos eliminaram o time de Salvador nas quartas de final da Libertadores. Relembre os duelos:

CAMPEONATO BRASILEIRO

Embalado pela épica vitória de virada sobre o Grêmio no Gre-Nal do Século, o Inter chegou à final do Campeonato Brasileiro de 1988 – as finais avançaram por 1989 – com a confiança na estratosfera. O time, que contava com o goleador da competição, o atacante Nílson, decidiria o título em casa. E nem precisava necessariamente vencer. Caso as duas partidas terminassem empatadas, um novo empate na prorrogação do jogo da volta garantia o título.

Mas no dia 15 de fevereiro, em Salvador, deu tudo errado para o Inter. Depois de sair na frente do marcador com um gol de Leomir, o time comandado por Abel Braga viu os baianos empatarem ainda no primeiro tempo, com Bobô. Na segunda etapa, novamente o meia marcou, para delírio dos mais de 90 mil torcedores que lotaram a Fonte Nova.

No jogo da volta, dia 19 de fevereiro, era preciso vencer pelo menos pelo mesmo placar para levar o jogo para a prorrogação. O lateral Casemiro e o meia Luís Fernando, duas peças importantes que foram desfalque no jogo de ida, agora estavam à disposição. O Inter tinha ainda ao seu lado quase 80 mil colorados no Beira-Rio. No entanto, aos poucos a confiança foi dando lugar à ansiedade com o gol que não vinha naquela tarde quente de domingo. No final, o empate em 0 a 0 frustrou os colorados e garantiu o título nacional ao Bahia.

FASE DE GRUPOS DA LIBERTADORES

Menos de 48 horas depois de jogarem a final do Campeonato Brasileiro, Inter e Bahia voltaram a campo para a estreia na Copa Libertadores. Se dois dias antes, o Beira-Rio pulsava, na noite da terça-feira, 21 de fevereiro, o cenário era outro, bem menos empolgante. Pouco menos de 14 mil torcedores voltaram às arquibancadas esperando um final diferente.

E de fato o placar foi diferente daquele 0 a 0. Mas para pior. Mesmo jogando mal, o Inter abriu o placar com um gol de Diego Aguirre, que anos depois voltaria ao clube como técnico em mais de uma ocasião. A alegria durou pouco. Minutos depois, Gil empatou para o Bahia. Para completar, Zé Carlos virou ainda na etapa inicial, dando números finais ao jogo e justificando as vaias da torcida ao final do duelo.

CP, Inter x Bahia 1989 CP, Inter x Bahia 1989 | Foto: Reprodução

Passadas algumas semanas, em 15 de março, novo encontro. E novo insucesso colorado. “Mais uma vez, deu Bahia”, afirmava a manchete do Correio do Povo do dia seguinte. Desta vez, quem marcou o gol dos baianos foi Charles, no segundo tempo. O resultado colocava pressão sobre o time de Abel Braga, que precisava vencer o Marítimo, da Venezuela, na semana seguinte, para não ser eliminado ainda na primeira fase da competição.

QUARTAS DE FINAL DA LIBERTADORES

Aos trancos e barrancos, o Inter avançou ao mata-mata da Libertadores de 1989. Venceu o Marítimo e assegurou o terceiro lugar do Grupo 1, com 5 pontos – o Bahia foi o primeiro, com 10. Nas oitavas, teve pela frente o Peñarol. E atropelou os uruguaios. No jogo de ida, no Beira-Rio, goleada por 6 a 2. Em Montevidéu, nova vitória, desta vez por 2 a 1. Mas havia um fantasma no horizonte. O Bahia havia eliminado o Universitario, do Peru, e seria o adversário nas quartas. O mesmo Bahia que havia derrotado o Inter três vezes em um mês.

Os times, contudo, não eram mais os mesmos. Do lado gaúcho, Maurício havia deixado o Beira-Rio, dando espaço para Heider. Já no Bahia, a baixa era maior. Bobô, o craque do time, foi vendido para o São Paulo. Além disso, o técnico Evaristo de Macedo também foi trocado por Renê Simões entre a fase de grupos e as oitavas.

Veio o jogo de ida, no Beira-Rio, no dia 19 de abril e o destino, enfim, trocou de cores. Mesmo desfalcado do artilheiro Nílson, o Inter se impôs. Até que aos 35 minutos, Edu Lima cobrou falta e Diego Aguirre antecipou-se para colocar o Inter na frente do placar. A vitória era apertada, mas garantia alguma vantagem. Bastava não perder em Salvador.

CP, Inter x Bahia 1989 CP, Inter x Bahia 1989 | Foto: José Ernesto / CP Memória

Para azar do Bahia, no dia 26 de abril de 1989, um aguaceiro tomou conta de Salvador. A chuva era tanta que a comissão técnica adversária não queria nem que a partida fosse realizada. "Eu disse: 'Presidente, não pode ter esse jogo. Não é jogo de futebol, não podemos jogar isso. Dê um jeito, acabe com a luz, faça qualquer coisa, mas não pode. É desonesto ter esse jogo", disse à época o técnico Renê Simões, como revelou recentemente em entrevista ao canal CNN Brasil. De acordo com o Correio do Povo do dia seguinte, até mesmo os governadores do RS e da BA foram acionados para acalmar os ânimos, já que um jornalista local ameaçou o árbitro Arnaldo César Coelho caso ele desse condições de jogo. Puro blefe.

O jogo saiu. E, no gramado pesado da Fonte Nova, o Inter resistiu de todas as formas possíveis às investidas do Bahia. O clima era bélico de ambos os lados, tanto que ainda no primeiro tempo Edu, pelo lado do Inter, e Charles, pelo Bahia, foram expulsos por jogada violenta. De nada adiantou toda a pressão local. O placar de 0 a 0 garantiu a classificação colorada. Não era um titulo, como o Brasileirão de menos de 70 dias antes, mas eliminar os baianos era pelo menos uma questão de honra.

O que talvez nem o mais pessimista dos colorados imaginasse era o que viria semanas depois, como a trágica eliminação em casa para o Olimpia nas semifinais. Mas isso já é outra história.

CP, Inter x Bahia 1989 CP, Inter x Bahia 1989 | Foto: Reprodução

Confira as escalações dos duelos entre Inter e Bahia em 1989:

15 de fevereiro

Final do Brasileirão, jogo de ida

BAHIA 2

Ronaldo, Tarantini, Claudir, João Marcelo e Edinho; Paulo Rodrigues, Bobô e Osmar (Sandro); Zé Carlos, Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo.

INTER 1

Taffarel, Luís Carlos Winck (Aguirre), Nenê, Aguirregaray e João Luís; Norberto, Leomir e Luís Carlos Martins; Maurício (Heider), Nílson e Edu. Técnico: Abel Braga.

Árbitro: Romualdo Arpi Filho.

Local: Fonte Nova.

Público: 90.508 pagantes.

Gols: Leomir e Bobô (2)

19 de fevereiro

Final do Brasileirão, jogo de volta

INTER 0

Taffarel; Luiz Carlos Winck, Aguirregaray, Norton e Casemiro; Norberto, Luís Fernando e Luís Carlos Martins; Maurício (Heider), Nílson e Edu. Técnico: Abel Braga.

BAHIA 0

Ronaldo; Tarantini, João Marcelo, Claudir (Newmar) e Paulo Róbson; Paulo Rodrigues, Zé Carlos e Bobô (Osmar); Gil Sergipano, Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo.

Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschillia.

Local: Beira-Rio

Público: 79.598

21 de fevereiro

1ª rodada da fase de grupos da Libertadores

INTER 1

Taffarel, Luís Carlos Winck, Aguirregaray, Nenê e Casemiro; Norberto (Marcelo Lima), Luís Carlos Martins e Ado; Heider, Diego Aguirre e Edu. Técnico: Abel Braga

BAHIA 2

Ronaldo, Tarantini, João Marcelo, Newmar e Edinho; Paulo Rodrigues, Bobô e Gil; Zé Carlos, Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo.

Árbitro: Arnado César Filho.

Local: Beira-Rio.

Gols: Diego Aguirre, Gil e Zé Carlos

Público: 13.778.

15 de março

5ª rodada da fase de grupos da Libertadores

BAHIA 1

Ronaldo, Tarantini (Edinho), João Marcelo, Newmar e Paulo Róbson; Paulo Rodrigues, Gil e Zé Carlos; Osmar, Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo.

INTER 0

Taffarel, Luís Carlos Winck, Nenê (Dacroce), Nórton e Casemiro; Norberto, Luís Fernando e Luís Carlos Martins; Leomir (Heider), Nílson e Ado. Técnico: Abel Braga.

Árbitro: Luís Carlos Félix.

Local: Fonte Nova.

Gol: Charles.

Público: 17.087

19 de abril

Quartas de final da Libertadores, jogo de ida

INTER 1

Taffarel, Júlio César (Bonamigo), Norton, Aguirregaray e Casemiro; Norberto, Luís Fernando e Luís Carlos Martins; Heider, Diego Aguirre (Marcelo) e Edu. Técnico: Abel Braga.

BAHIA 0

Ronaldo, Edinho, João Marcelo, Claudir e Paulo Róbson; Paulo Rodrigues, Zé Carlos e Gil; Marcelo (Sandro), Charles e Osmar. Técnico: Evaristo de Macedo. Técnico: Renê Simões

Árbitro: José Luís de Aragão.

Local: Beira-Rio

Gol: Diego Aguirre.

Publico: 60.229 pagantes

26 de abril

Quartas de final da Libertadores, jogo de volta

BAHIA 0

Ronaldo, Tarantini (Marcelo), João Marcelo, Claudir e Paulo Róbson; Paulo Rodrigues, Gil e Zé Carlos; Osmar, Charles e Sandro. Técnico: Renê Simões.

INTER 0

Taffarel, Norberto, Norton, Aguirregaray e Casemiro; Bonamigo, Luís Fernando e Luís Carlos Martins; Heider (Nenê), Nílson (Dacroce) e Edu.

Árbitro: Arnaldo César Coelho.

Local: Fonte Nova.

Público: 44.327

Correio do Povo

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