quarta-feira, 26 de março de 2025

Crônica: Caminhos de Porto Alegre

 Cresceste negociando teus contornos com a água, enquanto nós, contemplando essa majestosa dança em tuas margens, definimos rumos, apuramos nossa identidade e expandimos nossos próprios limites

Pôr do sol às margens Guaíba, marca registrada da cidade | Foto: Fabiano do Amaral


Momentos difíceis e alegres, todos temos. Problemas, soluções, erros, acertos, derrotas e vitórias chegam e vão em cada existência sem que isso nos inflija uma sentença perpétua. Do contrário, vem da inconstância da vida a nosso poder de renovação.

O mesmo podemos dizer de ti, Porto Alegre. És quem tu és por conta da tua capacidade de olhar para trás sem perder de vista o caminho. Tua gente, tuas ruas e teus prédios, carregam um sem-fim de histórias e legados que narram tua essência que é levantar e seguir adiante, não importa o desafio.

Vem da água as tuas imagens mais famosas. Dessa relação próxima é feito o teu cartão postal – teu rosto para o mundo – e também a nossa mais bela referência.

Desde teu nascimento é assim, a vida acontece junto do Guaíba. Ao pensar em ti, Porto Alegre, é fácil entender que esta conexão indissociável te permitiu ser cidade. Cresceste negociando teus contornos com a água, enquanto nós, contemplando essa majestosa dança em tuas margens, definimos rumos, apuramos nossa identidade e expandimos nossos próprios limites.

Desde teu nascimento é assim, a vida acontece junto do Guaíba. Ao pensar em ti, Porto Alegre, é fácil entender que esta conexão indissociável te permitiu ser cidade.

O Centro, hoje histórico por tudo que já protagonizou, é testemunho maior da tua arquitetura e da tua cultura. Cada prédio e cada esquina revelam vida e cor, de ladrilho em ladrilho, e ainda que misturado ao cinza do cimento que domina as construções modernas, completam mosaicos que ajudam a contar teus acertos e também percalços.

Nas quadras que formam teu coração, amadurecemos cultura e paixão, nos moldamos enquanto sociedade. Pelos teus caminhos trilharam poetas, músicos, acadêmicos e tantos outros expoentes da arte, da ciência, do esporte e da cultura popular.

Desde teu nascimento é assim, a vida acontece junto do Guaíba. Ao pensar em ti, Porto Alegre, é fácil entender que esta conexão indissociável te permitiu ser cidade.

Nesses 253 anos, tu aprendeu e ensinou, fosse diante de despretensiosas mesas de bar, na icônica esquina eternizada pelas manifestações plurais, ou em auditórios tomados de acalorados eruditos. Diante dos teus contrastes, fizemos escolhas e, independente de quais, é só o que importa.

Quem é porto-alegrense de nascimento ou te escolheu com o coração costuma ter um cantinho preferido do teu chão. Seja com o verde dos teus parques, com o sol reluzindo em tuas águas, com imponência do Theatro São Pedro, na tua vida noturna, no teu carnaval ou no teu futebol, te sentimos viva, e com isso nos sentimos em casa.

Cada espaço que ressurge está agora dotado de novos significados. Por isso é tão lindo ver a boemia de volta à rua dos Andradas, para sempre a nossa Rua da Praia. Aquece o coração a Casa de Cultura, o Mercado Público e o Brique da Redenção pulsando novamente. Até mesmo os tapumes que ainda estão por aí nos mostram que tu não ficastes parada diante da dificuldade.

Cada espaço que ressurge está agora dotado de novos significados.

Não, as tão faladas marcas deixadas nas paredes na enchente de 1941 não definiram quem tu fostes até aqui, e as de 2024 dirão às gerações futuras sobre o teu passado apenas que sempre é possível ser melhor.

De todos até em tão, este teu aniversário deve ser o mais comemorado. És bela, madura, intensa e capaz, Porto Alegre. Eis o que te faz a nossa cidade!

Ainda é tão recente quanto dolorosa a cheia histórica que atingiu mais da metade dos bairros de Porto Alegre. Natural, portanto, que permaneça como assunto ressoante em nossa sociedade e que se apresente como pauta também neste aniversário da Capital.

Dos dias de emergência aos festejos pelos 253 anos, Porto Alegre se refez e, apesar da obviedade de que há muito ainda a reparar, fato é que a cidade está reorganizada.

253 Anos de Porto Alegre. Fotos obtidas a partir da Ilha da Pintada no Estaleiro Green Card Ricardo Giusti


Correio do Povo

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