Prática ajuda a manter o corpo em movimento e estimula a criatividade
O envelhecimento faz parte do ciclo natural da vida, mas pode ser um processo desafiador. De acordo com um estudo da revista Nature Mental Health, divulgado em outubro de 2024, sentir solidão na velhice aumenta em 31% o risco de desenvolver demências e eleva em 15% a probabilidade de comprometimento das funções cognitivas.
Conforme a arteterapeuta Sheila Kruger, que atua na 3i Residencial Sênior, a arteterapia gera múltiplos efeitos positivos que promovem o bem-estar e a qualidade de vida da terceira idade.
“Com o passar dos anos, é normal que nosso corpo e mente passem por desafios físicos, emocionais e cognitivos, especialmente na terceira idade, fase em que a pessoa torna-se mais vulnerável. Por isso, adotar atividades como pintura, colagem, escultura e outras expressões artísticas na rotina dos idosos é essencial. Essas práticas não só ajudam a manter o corpo em movimento, mas também estimulam a criatividade, promovendo o autoconhecimento e o bem-estar mental”, explica.
A especialista ainda destaca que por meio da arteterapia, os idosos têm a oportunidade de fortalecer a saúde emocional, aprimorar a cognição e manter uma vida ativa e enriquecedora.
Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela legislação brasileira, a arteterapia é um tipo de tratamento terapêutico que, por estimular o autoconhecimento através dos processos criativos e artísticos, pode ser uma forma de cura. Esse tipo de terapia pode ser encontrado em residenciais sênior, hospitais, clínicas de saúde mental, entre outros.
“Essa prática é recomendada para pessoas de todas as faixas etárias, especialmente para aquelas que enfrentam condições crônicas ou que passaram por traumas. Para os idosos, ela desempenha um papel fundamental ao ajudar no enfrentamento das transições próprias da velhice, oferecendo suporte emocional para lidar com as mudanças com mais leveza e confiança”, completa Sheila.
A profissional preparou uma lista com quatro benefícios da prática no dia a dia da terceira idade:
1) Externalizar sentimentos
A arte é uma forma de demonstrar sentimentos. Com a arteterapia, os idosos podem expressar suas emoções como angústia, raiva, frustração e as tendências depressivas por meio de desenhos, pinturas e esculturas.
“Muitas pessoas têm dificuldade de falar sobre seus sentimentos, e esse tipo de terapia surge como uma alternativa para expressá-los de outra forma. Ainda que seja feita por meio da argila, colagem, entre outros, é uma válvula de escape para emoções intensas”, esclarece Sheila.
2) Melhora da saúde mental
Praticar atividades artísticas regularmente pode proporcionar uma sensação de realização e de controle, promovendo o aumento da autoestima e autoconhecimento.
“As atividades criativas contribuem na redução de pensamentos negativos, gerando uma melhora no bem-estar psicológico, reduzindo a sensação de solidão e tristeza. As artes podem estimular todos os sentidos e ajudar a compreender suas emoções e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é especialmente benéfico para a saúde mental.”
3) Aliada no combate à doenças
Um estudo publicado pela American Journal of Geriatric Psychiatry, mostra que os idosos que praticam atividades cognitivas de forma regular apresentam até 30% menos chances de desenvolver demência.
“Atividades cognitivas, como a arteterapia, têm se destacado como aliadas na prevenção de doenças como a demência, pois são exercícios que estimulam o cérebro”, aponta a especialista.
4) Promove a interação social
Assim como os mais jovens, os idosos também precisam manter uma vida social ativa. Dessa forma, sentem-se incluídos na sociedade. Atividades que promovem a socialização da terceira idade são uma forma de reestabelecer conexões sociais, principalmente para aqueles que se sentem isolados e desconectados de seus familiares e amigos.
“A arteterapia em grupo oferece um espaço onde os idosos interagem entre si, assim, combatendo o sentimento de solidão e exclusão. Além disso, a arte é uma maneira de conectá-los com suas histórias de vida e memórias”, diz.
Correio do Povo
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