Especialista alerta que Brasil não é referência em qualidade apesar de ser o segundo maior produtor mundial
A tarde de terça-feira, dia 11, foi dedicada à proteína animal, com ênfase no gado de corte, no auditório da Produção na Expodireto Cotrijal. O espaço na feira agropecuária, em Não-Me-Toque, ficou lotado de participantes do 3° Fórum da Carne. “O Rio Grande do Sul que se orgulha tanto do seu povo, do seu bairrismo já deixou várias ‘janelas’ passarem de desenvolvimento”, alertou a presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antonia Scalzilli, acrescentando que, com a verticalização do sistema produtivo, urge uma mudança na postura e que a pecuária gaúcha precisa estar muito engajada. O engenheiro agrônomo Roberto Barcellos conduziu o debate sobre as inovações e desafios para os elos da cadeia do setor.
Barcellos acumula experiência de 30 anos de atuação em todas as etapas do processo produtivo da proteína animal.
“O Brasil se caracteriza por ser o segundo maior produtor de carne do mundo, mas produz commodities, longe de ser referência em qualidade”, alertou, acrescentando que este “selo” é definido por quem consome.
O primeiro é os Estados Unidos. Lá, a cada dois animais abatidos equivalem a três no Brasil. Em solo norte-americano o peso médio da carcaça é de 360 enquanto que no território nacional são 250 quilos.
O consultor de fazenda, indústria frigorífica e marcas de proteína animal, destacou no evento que o que o futuro pecuária e da carne de qualidade talvez passe pelos sistemas cooperativistas que exclua o antagonismo das estratégias comerciais e some objetivos em comum em todas as etapas do processo.
“Até quando vamos viver de está sobrando boi o preço cai está faltando boi o preço sobe, sendo que atuamos hoje em torno de 40% no mercado de exportação e há poucos anos atrás era 25%”, alertou.
Para o engenheiro agrônomo, esse cenário é pouco perante os concorrentes internacionais do setor, que atuam entre 60% a 80% no mercado de exportação e aponta que o mercado interno é muito importante. “Machucado em função da nossa economia. Está sem poder de compra, trocando boi por frango, carne de porco, macarrão e salsicha”, comparou Barcellos.
Entretanto, o engenheiro agrônomo alerta que no ano de 2050 as projeções são de que o mundo terá que produzir alimentos para 9 bilhões de pessoas. Essa expectativa representa um acréscimo de 40% para a agricultura, a suinocultura, a avicultura, a pecuária de corte, por exemplo, para atender a demanda do planeta.
“Quais ferramentas temos para aumentar? São os técnicos veterinários e zootecnistas, investir em genética, nutrição, sanidade, manejo, instalações. Isso é tecnologia”, apontou, acrescentando que falar é mais fácil do que implementar porque na maioria das vezes o produtor rural está descapitalizado.
O engenheiro agrônomo calcula que serão necessários mais 700 milhões de terneiros no mundo para ampliar a produção da carne em 40%. “Olhem a oportunidade que temos em implementar tecnologia e dobrar a produção para atender a demanda de 2050”, alertou os participantes do evento, pontuando que tecnologia significa redução de custos para o produtor rural.
“Fazer pecuária com baixa tecnologia é uma maneira de empobrecer sorrindo”, finalizou.
Correio do Povo
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