Sem contato com as forças de segurança, eles somente conseguiram contatar Bombeiros de outro município graças ao apoio de um amigo. Patriarca da família quase foi levado pela correnteza
No município de São José do Sul, o temporal do final da tarde de quarta-feira também trouxe estragos significativos. De acordo com a coordenadora da Defesa Civil Municipal, Magali Lottermann, um mutirão foi organizado para o recebimento de roupas, itens de higiene e limpeza, colchões, água e móveis, que podem ser entregues na sede da Prefeitura. Parte deles já estava no local, e havia sido adquirido anteriormente pela administração municipal. Três pessoas ficaram feridas, duas delas com fraturas, e todas foram encaminhadas ao Hospital Montenegro. 20 famílias precisaram sair de casa na cidade, todas também para as residências de parentes e amigos.
As áreas mais atingidas foram as localidades de Linha Bonita, Canavial, São José do Maratá e Dom Diogo Baixo, perto da BR 470, onde a água do Arroio Dom Diogo alcançou 1,50 metro acima do solo. A família do pintor Angelo Fabiano Santos dos Santos, sua esposa, a dona de casa Elisangela Duarte Braz, também moradores de Dom Diogo Baixo, precisou se abrigar sobre o telhado da residência, abrindo um buraco no teto e depois nas telhas, subindo em uma escada de madeira, para fugir do aumento repentino da água.
Nesta quinta-feira, eles haviam retirado todos os itens da casa e ainda havia muita lama no local, porém o trabalho de limpeza estava em andamento. “Foi uma coisa muito rápida, nós estávamos brincando na chuva com as crianças. Aí começaram os trovões e entramos em casa para tomar um banho. Em questão de dez minutos começou a lama no pátio. Aí eu disse pra minha esposa: vamos pegar os documentos e as crianças e tirar o carro. Fui até um pedaço da estrada e e correnteza levou ele, mas consegui sair”, relatou Angelo. “Quando voltei, resovlvemos subir no telhado em sete pessoas”, prosseguiu. Eram três adultos, mais quatro crianças, entre elas, um neto do casal, de apenas sete meses de idade.
“Tentamos ligar para o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar, porém não conseguimos. Ligamos para nosso conhecido e ele conseguiu contato com os Bombeiros de Harmonia, que vieram, graças a Deus, e estamos bem”. Elisângela disse que a família saiu há cinco anos de São Sebastião do Caí, também em área de enchente. “Aqui antes não dava. Nunca a água subiu tanto como agora”. Ela atingiu as paredes, porém não os armários internos, onde estão fotos da família. A família, por enquanto, vai morar na casa de uma das filhas, no município de Harmonia. Mais adiante na mesma localidade, a terapeuta holística Anelise da Silva auxilava a limpar a casa da moradora e amiga Mara Dahmer, que havia levado sua mãe, Ivone Dahmer, 89 anos, ao posto de saúde do município, porque ela havia tido uma crise de pressão alta na manhã desta quinta devido ao temporal.
A nora de Mara, a cabeleireira Luana Mossmann, também auxiliava, assim como outros parentes. “Todo mundo aqui foi afetado. Ontem, com a chuvarada, minha sogra estava subindo a mãe dela de cadeira de rodas até em cima de uma mesa, porque a água estava subindo até o joelho dela. Acredito que ela tenha ficado muito ansiosa, por isso deu esse problema. Todo mundo perdeu tudo aqui”, comentou Luana, cujo filho, de apenas um ano, também estava na casa. "Eu não conseguia descer da cidade porque estava tudo bloqueado. Só pensava nele. Porém depois consegui vê-lo”, acrescentou ela.
Correio do Povo
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