Em setembro de 2023, Alexandre de Moraes homologou a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que se desdobraria em várias etapas. Desde então, os brasileiros aguardam ansiosos as revelações do oficial, que foi ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante os quatro anos de mandato. Segundo o ministro do STF, as confissões comprovariam que o Brasil escapou por pouco de virar cenário do primeiro golpe de Estado do mundo consumado sem uma única arma de fogo e promovido por um ajuntamento de golpistas que incluíam donas de casa, idosos, mães de família, moradores de rua e autistas — todos abastecidos por um vendedor de algodão-doce.
Passados 16 meses, as declarações de Cid sugerem que “O depoimento da testemunha-chave da acusação deixa claro que o golpe não foi tentado, não foi preparado e não foi dado”. Também escancara a postura intimidatória de Moraes e a angústia de um depoente atormentado pelo pesadelo de retornar à prisão (incluindo familiares).
Ainda assim, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, encontrou motivos para denunciar o ex-presidente e mais 33 pessoas por cinco crimes, começando pela tentativa de golpe de Estado. Se condenados, as penas podem chegar a 28 anos de prisão. A denúncia também se baseia num relatório da Polícia Federal em que a palavra “possibilidade” aparece 47 vezes, enquanto “teria” ou “teriam” conseguem 107 menções. Com 25 ocorrências, “hipótese” ou “hipotética” empatam com “supostamente”.
“Especialistas em Direito, juristas renomados pela seriedade na defesa apartidária do Estado Democrático de Direito e do devido processo legal têm apontado uma série enorme de inconsistências e narrativas na denúncia da Procuradoria-Geral da República, o que torna a peça de Paulo Gonet precária e frágil juridicamente, além de politizada”, observa Adalberto Piotto. O documento, enfatiza, busca sustentar a qualquer custo a tese do golpe, transformando críticos em subversivos e manifestantes em golpistas.
Apesar da fragilidade da acusação, Bolsonaro já foi declarado culpado antecencena-se agora um show trial, julgamento público no qual a culpa ou inocência do réu já foi previamente decidida. “Aqueles que denunciam o suposto ‘golpe armado’ sem armas e prometem um julgamento imparcial são os mesmos que confessam ter derrotado o bolsonarismo, que anularam todas as provas da Lava Jato contra os petistas e seus companheiros, que atropelam a Constituição para governar o país e perseguir críticos”.
Tão preocupante quanto esse penoso espetáculo é a conivência quase unânime da imprensa velha, que desempenha o papel de coadjuvante passivo nesse teatro do absurdo.
Post de Plínio Pereira Carvalho
Fonte: https://www.facebook.com/1677131654/posts/10224233980551998/?rdid=5zb0S4eDr7N4VRiN#
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