Dólar alto permite que turistas estrangeiros voltem a viajar nas férias, e praias gaúchas estão entre as preferidas
Eles estão de volta. E por toda a parte. Basta olhar as placas dos carros e você vai perceber a invasão argentina no litoral gaúcho. Torres, Capão da Canoa, Xangri-Lá, Tramandaí. As praias mais badaladas do Litoral Norte estão repletas de turistas.
A música, as roupas, o estilo alegre e descontraído com seus esportes preferidos deixam evidente. E caso duvides, as camisas de Boca, River e as centenas de “Messis” correndo atrás da bola e comemorando gol em espanhol acabam com qualquer dúvida.
O câmbio é um dos motivos relatados pelos turistas que cruzam a fronteira em busca de praias brasileiras. Mesmo com a alta inflação, a economia dos irmãos está dolarizada. E com a moeda do Tio Sam valendo na casa dos R$ 6,00, passar as férias por aqui voltou a ficar mais em conta para eles.
Se em janeiro de 2024 o número de argentinos havia reduzido cerca de 40% na comparação com 2023, neste ano é claro a alta no movimento. Segundo o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes e Bares, a presença de turistas argentinos nas primeiras semanas de 2025 aumentou 60%.
Vem gente de longe. O Edgardo Fachini, 39 anos, é de Santa Fé, no centro-leste do país vizinho. Ele, a esposa e os filhos percorreram mais de 1,4 mil quilômetros de carro até Torres.
“É a primeira vez no Brasil. Vamos para Penha (SC), e depois voltaremos para Torres, que é um lugar muito bonito. Os preços são acessíveis, têm muita variedade no mercado”, avalia Fachini.
Fachini e o filho Conrado, 13 anos | Foto: Pedro Piegas
É o dólar alto que arrasta a multidão argentina para as areias gaúchas. O guia turístico Axel Eckermann está em Torres com um grupo de 60 pessoas vindo de Córdoba. Rodaram 40 horas de ônibus, mais de 1,6 mil km, para ficar sete dias aproveitando o verão à beira do Atlântico Sul.
“Para nós, o Brasil é mais barato que ir para outro lugar na Argentina. Aqui é mais barato comer, o passeio, tudo. E a gente compra tênis, roupa, e até alimentação para levar”, revelou.
Os comerciantes brasileiros também gostam desta migração litorânea. O Cristian Borges trabalha com locação de cadeiras e comemorações o bom movimento. “Tem mais movimento, se você caminha pela areia, só vai ver eles. E alugam cadeiras, compram comida, nem querem saber dos preços”, indica.
A paixão pelo futebol é presença constante entre os argentinos | Foto: Pedro Piegas
A música e os esportes também mostram a invasão dos irmãos. Além do futebol e da “paleta” – como os argentinos chamam o frescobol – também tem o “Tejo”, equivalente à nossa bocha, porém jogado com discos. Independente do escolhido, a descontração é a marca dos visitantes sempre bem-vindos ao nosso litoral.
"Tejo" espécie de primo da nossa bocha, faz sucesso nas areias gaúchas | Foto: Pedro Piegas
Bons indicadores
A instabilidade econômica na Argentina provocou baixa no movimento em 2024, mas os números iniciais de 2025 comprovaram o retorno expressivo dos turistas estrangeiros neste ano. O sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do RS relata aumento de 60% nas hospedagens de argentinos nas primeiras semanas de janeiro em relação ao ano anterior. É o maior crescimento dos últimos nove anos.
E conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a entrada de argentinos no Rio Grande do Sul cresceu em torno de 80% – dados de dezembro de 2024 – na comparação com os dois meses anteriores.
Viagem de carro é a preferida para as férias dos turistas vindos da Agentina | Foto: Pedro Piegas
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário