Logradouros históricos têm em comum presença de pessoas em situação de rua, lâmpadas quebradas e odor de urina em vários pontos
Praças turísticas, simbólicas e recheadas de história em Porto Alegre, a Alfândega e a Matriz são frequentadas por milhares de pessoas diariamente, estando ambas localizadas no coração do Centro Histórico. A primeira recebe anualmente eventos artísticos e culturais como a Feira do Livro, entre outros, além de ser cercada por estabelecimentos como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e o Memorial do Rio Grande do Sul, bem como conta com monumentos de figuras históricas para o povo gaúcho.
A Matriz, ou Praça Marechal Deodoro, não é menos importante, estando ladeada pelas sedes dos três poderes gaúchos, e ainda conta com o icônico Monumento a Júlio de Castilhos, uma das estruturas mais visadas por turistas na Capital. Mas, o que elas têm de históricas, apresentam de desafios, no sentido de haver lâmpadas quebradas e a constante presença de pessoas em situação de rua.
O odor forte de urina também é presente nas duas, mas, apesar dos problemas, não é incomum ver funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) atuando em ambas. “Acho que tem muito cheiro ruim, e não posso dizer que são apenas estas pessoas que vivem na rua que fazem suas necessidades. É uma questão também geral”, disse a doméstica Lurdes de Lima, moradora de Porto Alegre, e que trouxe a amiga Marisa dos Santos, turista de Recife, para conhecer a Praça da Matriz.
“O Estado aqui é bem organizado e limpo, nada comparado com onde eu vivo. Tem suas deficiências, é claro, mas vocês passaram por uma catástrofe há pouco tempo. Acredito que as melhorias ocorrem de acordo com a necessidade, como um banheiro público”, disse Marisa. Nesta praça, há diversas placas informando da necessidade do recolhimento de dejetos e do cuidado com o local, assim como há viaturas da Brigada Militar (BM) para a vistoria do entorno dos edifícios públicos.
Já a Alfândega, ao nível do Guaíba, foi duramente atingida pelas enchentes de maio de 2024, e permaneceu abaixo d’água por semanas. Quando a inundação baixou, praticamente todas as plantas baixas apresentavam coloração marrom, com o verde deixando de existir. Aos poucos, porém, a vida está recuperando seu normal no histórico logradouro. Procurada, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) disse que as praças da Alfândega e da Matriz são revitalizadas anualmente, mas “infelizmente os dois locais e demais praças e parques sofrem com o vandalismo e depredação”.
Em outubro de 2024, prosseguiu a SMSUrb, depois das enchentes de maio, foram recuperadas lixeiras, pinturas dos bancos e o piso da praça da Alfândega. Já na Praça da Matriz, houve pintura e conserto de bancos, lixeiras, passeio público e também pintados os brinquedos do playground. A respeito da iluminação, a IPSul, responsável pelo serviço, disse que realiza vistorias periódicas nos dois locais, além dos atendimentos via protocolos, e que uma nova estava agendada para a noite da última segunda-feira.
A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) disse que apenas uma pessoa em situação de rua é permanente no local, enquanto as demais são transitórias, frequentando as áreas em busca de alimentos doados. A Fasc afirmou também que “nestas praças se observa uma movimentação de comércio de substâncias ilícitas, ocasionando um cenário de maior risco e violência”, sendo este “um importante atravessador para a continuidade das ações no âmbito da assistência social.”
A fundação, por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) realiza o mapeamento constante do Centro Histórico, realizando busca ativa no espaço da rua para pessoas em situação de rua moradia e famílias, adolescentes e crianças em vivência de trabalho infantil, em três turnos semanais – manhã, tarde e noite, até às 21h. Desde o último dia 1º, foram realizadas aproximadamente 195 ações nestas praças e nas ruas do entorno delas.
Leia a nota completa da SMSUrb
A Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos (SMSUrb), informa que as praças da Alfândega e da Matriz, localizadas no Centro Histórico, são revitalizadas anualmente, mas infelizmente os dois locais e demais praças e parques sofrem com o vandalismo e depredação. Em outubro do ano passado, foram recuperadas as lixeiras, pintura dos dos bancos e o piso da Praça da Alfândega, que foi atingida pelas enchentes de maio. Já na praça da Matriz, em novembro de 2024, pintura e conserto de bancos, lixeiras,passeio, pintura dos brinquedos do playground. Sobre a iluminação nos dois locais, a SMSUrb, através da concessionária IPSul, são realizadas vistorias periódicas pelas equipes nas duas praças, além dos atendimentos via protocolos. Uma nova vistoria está agendada, nesta segunda-feira, 20, à noite.
Leia a nota completa da Fasc
FASC: Acompanhamento às pessoas em situação de rua na Praça da Matriz e Praça da Alfândega
De acordo com a equipe de Serviço Especializado de Abordagem Social, na região Centro, ambas as praças são de grande circulação de pessoas durante todos os dias da semana e sendo locais de acesso a doações diversas vindos de grupos e/ou da própria comunidade. Além das pessoas que circulam durante o dia e retornam para pernoitar nestes locais, identificamos diversas pessoas domiciliadas também buscam as doações devido a insegurança alimentar, para receberem a distribuição de marmitas na Praça da Matriz, realizadas por grupos. Observa-se, também, que nestas praças se observa uma movimentação de comércio de substâncias ilícitas, ocasionando um cenário de maior risco e violência, neste sentido, se coloca um importante atravessador para a continuidade das ações no âmbito da assistência social.
Na Praça da Matriz, a equipe identifica a presença de apenas uma pessoa em situação de rua com pertences. As demais pessoas que utilizam as praças como moradia se caracterizam por um perfil mais transitório, o que acaba dificultando a continuidade das ações no âmbito da assistência social.
Ação conjunta com a Saúde
A equipe identifica a demanda de cada pessoa, e ao perceber a necessidade de atendimento em saúde, realiza ações de acompanhamento dos usuários até os equipamentos da rede de saúde (para aqueles que não conseguem acessar sozinhos), e para aqueles que ainda assim não acessam os espaços, mesmo com a presença de nossa equipe, são organizadas abordagens conjuntas no espaço da rua com a presença da equipe do Consultório na Rua Centro e do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS AD IV e Cais Mental Centro. As abordagens são semanais em todos os 11 bairros de atuação da equipe AICAS.
Rede Socioassistencial
A equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social – SEAS realiza o mapeamento constante do Centro Histórico, realizando busca ativa no espaço da rua para pessoas em situação de rua moradia e famílias, adolescentes e crianças em vivência de trabalho infantil. As ações são realizadas em três turnos semanais – manhã, tarde e noite, até 21h. Além disso, a equipe recebe solicitações de abordagem social da comunidade. Desde o dia 1º de janeiro, a equipe realizou aproximadamente 195 ações nestas praças e nas ruas do entorno delas. Há encaminhamentos para acesso à documentação civil, rede de albergues, abrigos e centro pop, rede de saúde, educação e trabalho e renda, assim como retorno à família ou rede de apoio e inserção em benefícios socioassistenciais.
A rede socioassistencial é ofertada nas ações como a rede de albergues e centros pop e abrigos institucionais, de acordo com cada perfil. Compreendemos que historicamente estes dois pontos são de permanência de pessoas pela localização central e pela circulação de pessoas, que gera também doações diversas e por vezes maior segurança. Inclusive se percebe nestes dois pontos uma presença significativa de mulheres sozinhas em situação de rua.
Correio do Povo
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