Partido informou que vai acionar Ministério Público a respeito de discurso do emedebista relacionando defesa da ditadura e liberdade de expressão
O PDT de Porto Alegre lançou nesta quinta-feira, 2, uma Nota de Repúdio sobre afirmações feitas pelo prefeito Sebastião Melo (MDB) durante sua cerimônia de posse, realizada no dia 1º, na Câmara de Vereadores. O partido informou que acionará o Ministério Público, por entender que a manifestação do mandatário foi “ilegal”.
Na nota, elaborada pela executiva municipal da sigla, o PDT assinala que a liberdade de expressão “jamais pode ser usada como subterfúgio para a apologia ou cometimento de crimes.” A sigla exemplifica que não existe liberdade de expressão que permita a defesa do nazismo, do racismo, da pedofilia, da tortura ou da volta da escravidão. “Nesse sentido, não há liberdade de expressão que permita ao indivíduo defender a volta da ditadura”, completa. No entendimento dos pedetistas, a fala de Melo contém erro tão significativo que exige retratação.
O segundo mandato do emedebista, reeleito no segundo turno das eleições na Capital, em outubro, com 61,53% dos votos, começou marcado pela polêmica. Na primeira etapa da posse, na quarta, realizada na Câmara de Vereadores, Melo chamou a atenção ao relacionar a liberdade de expressão com a defesa da ditadura. Disse o prefeito: “Para mim, forjado na luta popular, democrática e advocatícia, a liberdade de expressão é o que há de mais caro em um país. Nos Legislativos, se um parlamentar ou qualquer um do povo diz 'eu defendo a ditadura', ele não pode ser processado por isso, porque é liberdade de expressão. Também quero que quem defende o comunismo não possa ser processado por isso, porque é liberdade de expressão.”
A segunda etapa do dia, que seria realizada na Usina do Gasômetro, quando ocorreria a chamada ‘posse festiva’ de Melo, e durante a qual também tomariam posse os secretários municipais, acabou cancelada em consequência das chuvas e de suas consequências. O local ficou sem energia elétrica e, assim como em várias outras regiões da cidade, no seu entorno o sistema de escoamento não conseguiu dar vazão adequada e as águas subiram rapidamente, alagando vias e calçadas e dificultando a circulação.
As cheias que atingiram Porto Alegre em maio de 2024, quando a tragédia climática assolou o RS, e a postura da administração Melo frente aos problemas, custaram vários pontos na popularidade do prefeito, que viu inicialmente seus índices de preferência caírem de forma considerável na corrida eleitoral. Com uma competente estratégia de comunicação e marketing político, contudo, ele conseguiu reverter a rejeição a tal ponto que por pouco não venceu a eleição no primeiro turno.
Desde as enchentes, contudo, seguem ocorrendo alagamentos, mesmo que bem menos significativos, a cada chuva mais forte em Porto Alegre.
Correio do Povo
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