Lençóis d’água localizados na área sofrem influência do clima para surgir e evaporar; local também é utilizado para estudos em universidades
A chegada de Cidreira a partir de Tramandaí reserva uma das paisagens naturais mais belas do Litoral Norte gaúcho, repleta de dunas e poças de água. Entretanto, para a surpresa dos muitos turistas que vão até os Lençóis Cidreirenses, o passeio pelas belas piscinas naturais tornou-se apenas uma caminhada pelos bancos de areia.
Um destes turistas foi o metalúrgico Hugo Thomaz Gomes, de Sapucaia do Sul, que visitou o local com amigos. Apesar de ser surpreendido por conta dos lençóis secos, ele conta que foi possível contemplar a paisagem das dunas. “É um passeio bem diferente. A gente está acostumado de vir para o litoral e ir para o mar. Então essa é uma experiência nova, pois não conhecíamos o local. Só ficamos surpresos, pois na internet dá para ver que tem muita água, mas chegamos aqui e está tudo seco. Vamos passear um pouco e depois vamos para a praia”, contou.
Além de turistas, a área também recebe grupos de pesquisa de diversas universidades. A professora do programa de pós-graduação em geologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Renata Guimarães Netto, promove uma pesquisa no local e explicou que a formação de lençóis e a evaporação da água ocorrem por conta da influência do clima.
“Estes corpos d’água são efêmeros, são temporários. Então, com a variação do clima, existem épocas mais úmidas, com concentração maior de água, e períodos mais secos. No verão, é normal que tenha mais evaporação e drenagem. Também estamos entrando em um ciclo de La Niña que, aqui no RS, reflete em período de mais seca. Viemos trabalhar aqui achando que encontraríamos esses corpos d’água, mas eles estão drenados”, contou.
A pesquisadora visitou o local junto com outros três alunos da pós-graduação. Segundo ela, o objetivo é coletar dados de áreas úmidas costeiras. “Vamos tentar entender as dinâmicas que existem entre os organismos que vivem nessas áreas e o tipo de estrutura biogênica que ele vai deixar, pois essas estruturas têm um potencial de ficarem preservadas no registro fóssil. E quando encontramos isso nas rochas, usamos para interpretar como eram as dinâmicas ecológicas no passado da Terra. Neste caso, quando olhamos as dinâmicas, tentamos criar padrões para pensar um pouco como essas mudanças climáticas afetam as regiões”, completou.
Correio do Povo
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