Cidade que faz fronteira com Rivera é a segunda principal entrada de estrangeiros no RS; PRF contabiliza mais de 7 mil infrações por veículos de fora do Brasil neste Verão
Além da língua espanhola ter tomado conta da faixa de areia no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o grande movimento de estrangeiros nesta temporada de veraneio tem chamado a atenção de quem reside ou visita cidades de fronteira. Em locais como Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, a fila para passar pelo posto aduaneiro da Polícia Federal (PF) faz durar horas a espera pelo processo de entrada do turista imigrante no Brasil.
No último final de semana, milhares de estrangeiros, sendo a maioria argentinos, aguardavam na fila do controle migratório brasileiro, localizado dentro de um shopping de Rivera, cidade uruguaia que faz fronteira com Santana do Livramento. Segundo levantamentos da PF, esta é a segunda fronteira mais utilizada para fluxo migratório no RS, ficando atrás apenas de Uruguaiana, também na Fronteira Oeste.
Em Santana do Livramento, entre os dias 1⁰ e 19 de janeiro, foram realizados 108.799 atendimentos no posto aduaneiro da PF para entrada de estrangeiros no país, dos quais 79% são argentinos. O número representa mais que o dobro registrado no mesmo período em 2024, quando foram realizados 46.862 atendimentos (62% eram argentinos), e em 2023, com 52.113 atendimentos (77% eram argentinos).
Conforme a Delegacia de Polícia Federal de Santana do Livramento, este é o maior movimento migratório registrado na cidade desde 2008, quando se deu início a série histórica do sistema de migração utilizado pela PF. Além disso, o relato dos estrangeiros que buscam entrar no Brasil temporariamente é de que a relativa estabilidade cambial na Argentina e a depreciação da moeda brasileira faz com que seja mais barato fazer turismo no Brasil do que nas praias argentinas.
Os argentinos que decidem viajar até as praias brasileiras por esta rota têm utilizado como principais pontos de ingresso no Uruguai as cidades de Salto e Paysandu, utilizando as rotas uruguaias 31 e 26, até ingressarem na rota 5, que leva até Rivera, na fronteira com o Brasil. Após entrarem no RS, a principal rota utilizada é a composta pelas rodovias BR 290 e BR 101, que leva até o litoral gaúcho e catarinense.
Aumento de imigrantes reflete em mais de 7 mil infrações em rodovias federais do RS
Além das praias gaúchas e catarinenses repletas de turistas de fora do Brasil, quem trafega pelas principais rodovias federais do RS também tem convivido, nas últimas semanas, com a presença de carros emplacados em outros países do Mercosul. De acordo com o policial Leandro Garcêz, da Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no RS, esse aumento também se reflete nas autuações e registros de imprudências.
“Houve um aumento considerável no fluxo viário nas rodovias federais do RS de turistas argentinos, principalmente na BR 290, em razão do câmbio favorável para eles. Essa rodovia é o trecho mais preocupante no RS, pois trata-se de pista simples e há grande incidência de excesso de velocidade, ultrapassagens em locais proibidos, que são a maior causa de acidentes e óbitos em razão das colisões frontais, além de outros diversos tipos de infrações”, contou o policial.
Garcêz conta ainda que a PRF reforçou o seu efetivo durante este período em razão deste aumento, com o intuito de coibir infrações de trânsito, crimes e também evitar acidentes. No RS, ele aponta as cidades Uruguaiana e Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, como as principais entradas dos turistas com destinos às praias.
Um fato que tem chamado a atenção dos policiais nas estradas em que os veículos de fora é a quantidade de infrações. Um levantamento da PRF aponta que, entre dezembro e o dia 20 de janeiro, foram 7.203 infrações de trânsito cometidas por veículos estrangeiros, como ultrapassagem em local proibido e alta velocidade.
Além disso, há também a preocupação por conta da quantidade de automóveis com placas rasuradas, com o intuito de evitar punições pelas infrações cometidas. Apenas nos primeiros 15 dias de 2025, foram abordados 26 carros, todos emplacados na Argentina, que estavam com placas adulteradas, com a remoção da pintura nos caracteres ou com barro sobre a identificação.
Em todo o ano de 2024, foram 997 condutores abordados por trafegarem com placas inelegíveis. A multa para este caso é de R$ 293,47 e é considerada uma infração grave na legislação brasileira. Para seguir viagem e evitar retenção do veículo, o condutor ainda precisa corrigir a adulteração. Estas e outras orientações estão disponíveis em um aplicativo lançado pela PRF, que pode ser lido tanto em português como em espanhol.
“Para facilitar a vida dos motoristas estrangeiros, o aplicativo oferece acesso às leis de trânsito e à consulta de multas pendentes. Também está em andamento pela PRF a Operação Rodovida em todo o Brasil, que se estenderá até 9 de março de 2025, visando tentar reduzir as ocorrências por excesso de velocidade nas rodovias federais, diminuição dos acidentes, além de reforçar o efetivo neste período”, finalizou Garcêz.
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Correio do Povo
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