domingo, 22 de dezembro de 2024

Rio Tramandaí: pesca e diversão que atrai multidões

 Movimento é intenso em torno da ponte Giuseppe Garibaldi durante a alta temporada



Ainda é início de temporada, mas a ponte Giuseppe Garibaldi, ícone de Imbé e Tramandaí, no litoral Norte gaúcho, já tem cara de verão. Sobre a travessia que liga as duas cidades, centenas de visitantes e pescadores desfrutam de momentos de lazer e diversão.

Quando aumenta o movimento, tanto a estrutura quanto as plataformas de pesca em ambas as margens são transformadas em ponto de visita obrigatória. Prova disso é que a estudante Geórgia Castro Santos, 16 anos, aproveitou a primeira manhã ensolarada as férias escolares para dar uma passada por lá. Usou a passagem como ponto de referência para esperar as amigas.

“É comum a gente combinar aqui na volta. É o ponto de partida para aproveitar o dia”, confirmou.

Chovia nas primeiras horas da manhã na região, mas o alto da ponte e as margens do Rio Tramandaí reuniam quem contemplava a natureza e um considerável número de pescadores. O aposentado Magno Ricardo Debbastini, 62, tem a lida com os peixes uma de suas distrações preferidas. Chegou antes das 6h, e se pôs a tentar a sorte com um caniço. A chuva veio, parou e deu lugar ao sol, e ele lá, concentrado na linha. “Aqui sai bastante peixe, tem que ficar de olho na fisgada do danado”, afirmou.

Tem quem não goste. O vendedor Marlon Freitas Müller, 42 anos, por exemplo, chama de “muvuca” o vai e vem pela ponte. “São carros passando a toda hora, barulho, até sujeira na água”, lamentou.

Em uma das plataformas o aposentado Genilson Silva Santos, 69, morador de Imbé, chamou atenção para a dificuldade de pescar entre dezembro e março. Ele considerou que a circulação de pessoas ainda estava baixa nesta sexta-feira e tratou de aproveitar o dia de pesca mais tranquilo. “No verão fica mais difícil, tem mais gente pescando, e parece que os peixes correm para mais longe”, entende.

Há, ainda os que acompanham, mas não pescam, como a dona de casa Rosali Nunes Oliveira, 50 anos. Da margem ela observava o marido, o marceneiro Ronaldo de Jesus, 53, jogando uma tarrafa no rio. “Só acompanho, é bom ficar aqui e tomar um chimarrão. Além de gostar de ver os peixes sendo pegos, aproveita para caminhar e provar alguns produtos ofertados pelos vendedores ambulantes que vão ao local em busca de mais faturamento.

A volta por cima e a paz do rio

Por fim, tem os que fazem da atividade uma motivação para sair de casa, distrair a cabeça e superar as dificuldades do ano. O Osmar da Silva Camilo, 61, viveu como poucos o drama da enchente de maio. Além da própria moradia, perdeu as casas de aluguel, sua fonte de renda, em São Leopoldo, na região Metropolitana de Porto Alegre.

Sem dinheiro para reconstruir, tomou uma decisão extrema para recomeçar com uma vida totalmente diferente da que levava até a maior tragédia da história do Estado. Construiu uma espécie de trailer e passou a viajar nele. Agora é autônomo e vive a pescar nas horas de folga.

“Tenho vindo desde novembro, agora vim para ficar o verão todo”, promete o mais recente pescador do pedaço.

Acampado na margem do Rio Tramandaí que pertence a Imbé, Camilo passa o máximo de tempo possível em contato com a água. Pesca com embarcação, com rede e caniço, depende do dia e “se o rio está para peixe”.

O trailer é puxado por um automóvel Chevrolet Onix. O valente carrinho também carrega um segundo reboque com o barquinho. Junto, no banco do carona, vai o fiel escudeiro, o cachorro Roque, já com 11 anos de idade. Ele e o peludo contam com cama, televisor, pia, banheiro refrigerador. Placas solares instaladas no teto da casa sobre rodas lhes garante eletricidade e chuveiro quente.

“Tenho o que preciso aqui, agora vivo mais relaxado. A minha casa tá lá em São Leopoldo, maseu não tinha nem 10% da paz e da liberdade que eu tenho hoje”, Garante.

O momento de dificuldade vivido na enchente ficou para trás, garante Camilo, que agora só quer saber de pescaria. “Eu até repintei a minha casa lá, mas deixei uma marca da enchente em uma parede para lembrar e mostrar como eu me superei. Estou 50 vezes mais feliz; 10 vezes mais pobre, mas 50 vezes mais feliz”, garantiu.



Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário