Maior fluxo de clientes foi registrado em lotéricas e supermercados, apesar da proximidade das festas de fim de ano
O movimento no bairro Azenha, ponto nevrálgico do comércio em Porto Alegre, é tranquilo. Na manhã deste sábado, há menos de 15 dias para as celebrações de Natal, nenhum estabelecimento registrava filas, comuns no período de final de ano. Também não havia a tradicional aglomeração de pessoas costumam lotar as calçadas em busca de presentes no mês de dezembro.
Um veículo de época guiava por ruas na região transportando na caçamba um Papai Noel. A folclórica figura era bem-sucedida no propósito de entreter o reduzido número de clientes que foram às compras ali. A espera de lojistas por compradores foi frustrada pelo maior fluxo de compradores em direção a lotéricas e supermercados.
Na visão de alguns comerciantes, a chuva e a previsão de mau tempo para todo o final de semana contribuíram para o baixo movimento na Azenha. É consenso entre eles, porém, que os prejuízos fruto das enchentes no início do ano causaram reflexos negativos no poder de compra dos gaúchos.
Natural da Venezuela, mas morando há quatro anos em Porto Alegre, Katerine Alvarez é gerente de um bazar na avenida Azenha. O comércio varejista oferece roupas, anéis, brincos, alianças, pulseiras, colares, pingentes, entre outras mercadorias. O receio de acumular produtos em estoque fez com que parte dos itens já estivesse em promoção, mais de uma semana antes da véspera dos festejos natalinos.
Em termo de vendas, a gerente do local classifica este mês como sendo o pior final de ano que viveu na Capital desde a pandemia. A expectativa dela é que a maior parte das público ainda opte por realizar as compras na última hora.
“O movimento tem sido bastante inferior ao do último ano. Para se ter uma ideia, ainda não conseguimos registrar um aumento significativo nas vendes em comparação aos outros meses. Por exemplo, eu não saberia estimar um porcentagem disso agora. É difícil determinar o motivo disso, mas creio que uma das causas tenha sido a enchente, que prejudicou a vida pessoal e financeira da população. Ainda tenho esperança de registrar números melhores nos dias mais próximos ao Natal”, ponderou a comerciante.
Intenção de compras para o Natal projeta a injeção de R$ 595 mi na economia da capital
De acordo com estudo feito pelo Núcleo de Pesquisa do Sindilojas Porto Alegre, a maioria (40,5%) dos presentes de Natal deverá ser comprada no cartão de crédito parcelado neste ano. Na sequência, as formas de pagamento mais citadas são: à vista em dinheiro (26,8%), à vista no cartão de débito (22,8%) e à vista no pix (18,3%).
No estudo, identificou-se ainda que as lojas de rua devem receber o maior movimento nas próximas semanas, já que 61% das compras devem ser realizadas nesses locais, seguidas de lojas de shopping (52,8%) e o E-commerce (23%). Neste ano o ticket médio deve ficar em torno de R$ 196,00, variação nominal de 4,80% em relação a 2023, quando este valor foi de R$ 187,00. O total gasto com todos os presentes de Natal deve ficar em R$ 770,00, em média. A expectativa é que as compras para a data movimentem cerca de R$ 595 milhões, 3,30% a mais que no ano passado.
A pesquisa também trouxe a informação de qual a época preferida pelos consumidores para realizar as compras. Constatou-se que a maioria, 43% preferem efetuar as compras na semana anterior ao natal. 34,3%, 15 dias antes, 5,3% dos itens deve ficar para a véspera. 2% citaram já terem comprado.
Na pergunta relacionada a qual produto os consumidores pretendem comprar para dar de presente, as roupas lideram com 62,3% das respostas. Brinquedos (38,8%) e cosméticos/perfumaria/produtos de higiene (25,5%) completam a lista dos produtos top 3. Produtos como acessórios, bebidas, panetone e chocolate, de valores mais baixos também foram citados.
O estudo identificou ainda que o diferencial que os fariam escolher uma loja para a compra de natal foi liderado por benefício para pagar (50,3%), oferecimento de brindes (35,3%), ajuda para dar um presente diferente (31,5%) e sentir-se seguro para comprar (19,8%).
Os que mais deverão receber a lembrança na data mais movimentada do comércio serão pai/mãe (63,8%), filhos (59%) seguidos de esposo (a) / companheiro (a) (42,8%), netos / bisnetos (20,8%) e irmãos (15,3%). Os amigos apareceram na lista com 6% das intenções de receber presente.
Segundo o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva, a expectativa para o Natal – data mais forte para os lojistas – é positiva. “O depósito do 13º salário, a questão do sentimento natalino, trocas de presentes entre as famílias, além da cultura da resiliência do povo gaúcho faz com que o comércio espere por boas vendas agora em dezembro”. “Convenhamos que com a pandemia e na sequência, as enchentes, o comércio varejista se recuperou com certa velocidade e está vendendo”, salientou.
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário