Mirando o futuro, muitos gestores creditam nas discussões do Plano Diretor o caminho para reorganizar áreas de maior risco e a remoção de comunidades inteiras
As crises climáticas, cada vez mais frequentes, trazem um desafio que, provavelmente, não se concentrará apenas nos próximos gestores, que deverão começar por eles. Um dos exemplos é repensar as cidades e suas necessidades.
As cheias que devastaram a cidade de Muçum, por exemplo, vão exigir do prefeito reeleito Mateus Trojan (MDB). O município do Vale do Taquari sofreu três tragédias consecutivas que arrasaram 80% da área urbana da cidade e tornaram inabitáveis algumas regiões.
“A gente estima que inicialmente pelo menos 30% da área urbana precise ser realocada por características diferentes. Algumas pela cota de inundação, outras por se tratarem de áreas destruídas e outras por se tratarem de áreas que, embora não tenham sido totalmente destruídas, passaram a ser caracterizadas como áreas de risco extremo”, ressalta.
Porém, o desafio, que ganhará ainda mais atenção a partir de janeiro de 2025, não é só remover, mas sim, inserir o debate no Plano Diretor da Cidade e também obras de grande porte, visto que há condições que caracterizam a cidade.
Outra cidade que enfrenta cheias contínuas pela sua localização geográfica é São Sebastião do Caí e que também vê no Plano Diretor o processo de debate sobre o futuro. “O que nós estamos fazendo lá é o dever de casa: refazendo o plano diretor da cidade, permitindo que construções possam elevar o maior o número de prédios com mais andares, em região que até então vai crescer a cidade e aí a cidade automaticamente vai continuar a crescer para fora da zona de risco”, pontua o próximo prefeito, João Guará (PSDB), que dá continuidade a atual gestão.
Eleito prefeito de Santa Maria, uma das primeiras cidades a ser atingida pelas enchentes de maio, Rodrigo Decimo (PSDB) reconhece a necessidade de dar continuidade aos projetos de resiliência e contingência.
“Fomos qualificando a Defesa Civil, trazendo geólogos, geógrafos, profissionais multidisciplinares, para que se pudesse dar uma resposta mais rápida. Em maio, esse investimento se mostrou bem assertivo. Estamos dedicados a instalar sistemas de alertas e monitoramento das áreas de risco.”
A remoção de famílias também está no horizonte do prefeito eleito de São Leopoldo, Delegado Heliomar (PL). A cidade teve 40 mil residências atingidas e 130 mil pessoas fora de casa por causa das enchentes de maio.
“Vamos também olhar as áreas de risco. Observamos que tem muitas residências em áreas que não deveriam estar lá. São áreas perigosas para moradia, áreas até mesmo do lado interno dos diques. Essas pessoas terão que ser reassentadas. Vamos ter que reestudar toda a geografia das construções irregulares ao longo do leito do Rio de Sinos e fazer um esforço muito grande para que essas pessoas dali sejam retiradas”, enfatizou.
Correio do Povo
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