Blocos pisaram no acelerador para tentar alcançar um acordo antes da chegada de Donald Trump e sua guerra tarifária à Casa Branca em janeiro
Após 25 anos de negociação, o Mercosul e a União Europeia firmaram acordo comercial. O anúncio foi feito antes da reunião da Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai. Impulsionados pelo Brasil, mas também por Alemanha e Espanha, os dois blocos pisaram no acelerador para tentar alcançar um acordo sobre o texto antes da chegada de Donald Trump e sua guerra tarifária à Casa Branca em janeiro.
Em breves pronunciamentos, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, destacaram as negociações e enfatizaram a importância do tratado.
"Hoje, em Montevidéu, estamos tornando essa visão numa realidade. Estamos fortalecendo essa aliança única como nunca antes. E, fazendo isso, estamos enviando uma mensagem clara e poderosa para o mundo. (...) Este acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política", destacou Von der Leyen.
As declarações foram feitas em pronunciamento à imprensa ao lado de outros chefes de Estado do Mercosul. Lacalle Pou reiterou a importância do acordo comercial entre os dois blocos.
"Um acordo político não é uma solução, não existem soluções mágicas. É uma oportunidade e cabe a cada um de nós determinar a velocidade que podemos dar a esse acordo", disse.
O discurso mais extenso foi o de Von der Leyen, que enfatizou três pontos principais: apoio entre as democracias, melhoria econômica para os países que participam dos dois blocos e o compartilhamento de valores.
"A União Europeia e o Mercosul criaram uma das alianças de comércio e investimento maiores que o mundo tenha visto. Estamos derrubando barreiras e estamos permitindo que entrem os investimentos. Estamos formando um mercado de mais de 700 milhões de consumidores. E essa aliança vai fortalecer as cadeias de valor, vai desenvolver indústrias estratégicas, vai apoiar a renovação e vai criar trabalhos e valores para ambos lados do Atlântico", disse a representante da UE.
Havia expectativa para o anúncio nesta semana, elevada pela presença de Von der Leyen em Montevidéu. As tratativas para o fechamento do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia se estenderam ao longo de 25 anos, tendo início ainda em 1999.
As discussões para o tratado tiveram grande avanço em 2019, quando houve um "acordo político", que acabou emperrado pela resistência de diversos países europeus, notadamente a França, que enfatizou as críticas a questões ambientais.
Após mais de duas décadas, concluímos as negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
— Lula (@LulaOficial) December 6, 2024
📸 @ricardostuckert pic.twitter.com/u3iWzO6BJz
Criado em 1991, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) reúne cinco países: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, a Bolívia. A Venezuela está suspensa desde 2016. O tratado UE-Mercosul, no entanto, não inclui nem a Venezuela, nem a Bolívia.
We have concluded the negotiations for the EU-Mercosur agreement.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) December 6, 2024
It marks the beginning of a new story.
I now look forward to discussing it with EU countries.
This agreement will work for people and businesses.
More jobs. More choices. Shared prosperity. pic.twitter.com/4E9z1Ztamc
O tratado permitirá que estes países sul-americanos exportem carne, açúcar, arroz ou mel para a Europa. A UE poderia exportar veículos, máquinas ou produtos farmacêuticos.
Depois de um acordo "político" alcançado em 2019, a oposição de vários países bloqueou sua adoção definitiva.
This agreement is a win for Europe.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) December 6, 2024
30.000 European small companies are already exporting to Mercosur.
Many more will follow.
EU-Mercosur reflects our values and commitment to climate action.
And our 🇪🇺 health and food standards remain untouchable ↓ https://t.co/Swp66exJrY
Mercado europeu
Ursula von der Leyen declarou que ouviu "as preocupações" do setor agrícola europeu e incluiu "salvaguardas" no texto de um acordo comercial com o Mercosul.
"Este acordo é vantajoso para os dois" blocos e "trará benefícios significativos aos consumidores e às empresas" se for aprovado, afirmou.
"Ouvimos as preocupações de nossos agricultores e agimos em conformidade. Este acordo inclui salvaguardas sólidas para proteger os nossos meios de subsistência", explicou a dirigente.
Com informações da AFP.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário