Por Dagoberto Lima Godoy
A má condução econômica pode não ser apenas um erro de gestão, mas uma estratégia para subverter a ordem constitucional e instalar um regime autoritário. Um dos caminhos mais insidiosos para isso é a dominância fiscal, um fenômeno que ocorre quando o governo prioriza seus próprios gastos acima da estabilidade econômica, levando ao descontrole inflacionário. O governo acumula déficits insustentáveis e recorre ao Banco Central para financiar suas despesas, geralmente por meio da emissão de moeda. Essa prática desvaloriza a moeda, reduz o poder de compra da população e destrói a confiança no sistema econômico. O resultado? Uma espiral inflacionária que desorganiza a economia, criando condições de caos social.
Historicamente, regimes autoritários se aproveitaram de crises econômicas para justificar ações extremas. Na Alemanha dos anos 1920, a hiperinflação abriu caminho para a ascensão do nazismo. Na Venezuela e no Zimbábue, políticas fiscais desastrosas desencadearam colapsos econômicos que fortaleceram líderes autoritários sob o pretexto de "restaurar a ordem".
No Brasil, esse alerta não é irrelevante. A instabilidade econômica, aliada à deslegitimação de instituições democráticas, pode ser usada como justificativa para medidas excepcionais que centralizem o poder, calem a oposição e controlem as massas. Sob o pretexto de combater o caos, controles econômicos rígidos e a supressão de liberdades individuais podem ser impostos.
Evitar essa armadilha exige vigilância institucional e políticas fiscais responsáveis, sendo a autonomia do Banco Central crucial para evitar interferências políticas que sabotem o controle inflacionário.
Proteger a economia de abusos é proteger a própria democracia. O caos econômico manipulado, pode ser um caminho para a destruição das liberdades que tanto prezamos.
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