quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Após queda do governo francês, o que Macron pode fazer?

 Presidente francês pode até designar novamente Michel Barnier


A censura do governo francês não leva à queda do presidente Emmanuel Macron, cujo mandato termina em 2027, mas o centro-direitista terá a difícil tarefa de nomear um primeiro-ministro e sem poder recorrer a novas eleições legislativas.

Em setembro, Macron escolheu o conservador Michel Barnier como primeiro-ministro em nome da estabilidade, dois meses depois das legislativas que antecipou em virtude da vitória da ultradireita francesa nas eleições ao Parlamento Europeu.

A inesperada antecipação eleitoral deixou uma Assembleia Nacional (Câmara Baixa) sem maiorias claras e dividida em três blocos irreconciliáveis: esquerda, centro-direita e extrema direita. Macron não pode convocar novas eleições até julho.

Em plena crise política, qual é a margem de manobra do presidente de 46 anos?

Nomear Barnier de novo?

Nada impede Macron de designar Barnier de novo. Em 1962, o então presidente Charles de Gaulle nomeou novamente George Pompidou, o único primeiro-ministro a cair até agora em uma moção de censura desde 1958, mas houve eleições nesse ínterim.

Na noite de terça-feira, o primeiro-ministro de 73 anos descartou essa possibilidade. "Quero servir. Disse a vocês que é uma grande honra. Mas que sentido tem [uma nova nomeação como primeiro-ministro]?", declarou às redes TF1 e France 2.

Entre os nomes que circulam para suceder o ex-negociador europeu do Brexit estão o atual ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, e o aliado centrista de Macron, François Bayrou.

Apoio da direita de novo?

A nomeação de Barnier em setembro foi possível porque seu partido conservador Os Republicanos (LR) decidiu deixar a oposição e governar ao lado da aliança centrista no poder desde 2017.

Mas o líder do LR, Laurent Wauquiez, garantiu a seus deputados na terça-feira que seu "compromisso em setembro era válido apenas para Barnier", de acordo com sua comitiva, sugerindo novas discussões para entrar em um governo.

Faltando dois anos e meio para a próxima eleição presidencial, que Macron não pode disputar, os partidos estão buscando se dissociar do legado de um presidente impopular, mas tentando não parecer responsáveis pela crise atual.

Ampliar o apoio?

O antecessor de Barnier, o macronista Gabriel Attal, defendeu "um acordo de não censura" com o LR, mas também com o Partido Socialista, que faz parte da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP).

O governo que surgiria desse pacto incluiria ministros da aliança de Macron, de acordo com Attal, de centro-direita, e poderia evitar que sua sobrevivência dependesse do partido de oposição Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita, comandado por Marine Le Pen.

Alguns membros mais à direita da coalizão governista defenderiam, em vez disso, um "pacto" secreto entre o chefe de Estado e Marine Le Pen, para que esta última permitisse a sobrevivência de um novo governo.


AFP e Correio do Povo

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