segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Navios encalhados no Canal de Itapuã bloqueiam tráfego de seis embarcações

 Tentativas de desencalhe à noite falham, e navio panamenho segue bloqueando acesso ao Rio Guaíba; nova operação está prevista para segunda-feira



Segue encalhado no Canal de Itapuá o navio panamenho Eva Shangai. Tentativas sem sucesso foram realizadas ao longo da noite de sábado, quando o nível do Guaíba estava maio, para remover o navio. Com o nível hídrico novamente em queda, novas tentativas só serão realizadas a partir da tarde de segunda-feira, segundo o diretor de Praticagem da Lagoa dos Patos, Geraldo Almeida.

O navio com bandeira do Panamá está encalhado desde a última sexta-feira em um trecho nas proximidades do navio Mount Taranaki, com bandeira de Hong Kong, entre o Rio Guaíba e a Lagoa dos Patos. O Eva Shangai já estava fundeado no canal, esperando o primeiro ser removido, quando também encalhou. Ele carrega 12 mil toneladas de fertilizante e vinha do porto de Al Jubail, na Arábia Saudita.

Impacto na navegação e navios aguardando

Ainda de acordo com Almeida, o encalhe das duas embarcações causam transtornos para ao menos outros seis navios, que aguardam para seguir viagem. “Tem uma fila de navios. Tem um que está no porto da Capital aguardando, dois que esperam para entrar no Guaíba e outros três no Porto de Rio Grande para liberar o canal e poder subir para a região Metropolitana”, relatou o prático.

Além disso, ele citou que o nível do Rio Guaíba, aliado ao assoreamento estão causando o encalhe dos navios. No momento, o nível do Guaíba no Canal de Itapuã está em menos de 1 metro. “A questão principal é que depende muito do nível da água. Fizemos uma batimetria recentemente. Atualmente, o canal tem 4,16 metros de profundidade, mas precisa somar com o nível da água. Só que o espaço ficou curto para passar”, completou.

Condições do nível do Rio Guaíba e o assoreamento

Conforme a Capitania Fluvial de Porto Alegre, da Marinha do Brasil, o calado oficial do Canal de Itapuã é de 5,18 metros. Entretanto, o dado não foi atualizado oficialmente após as enchentes. Na última semana, o governo do Estado anunciou a liberação de R$ 731 milhões para a dragagem de hidrovias gaúchas, que servirá para restaurar as profundidades dos canais de navegação, incluindo o porto de Rio Grande, a Lagoa dos Patos, o Guaíba e o Delta do Jacuí, os canais do Rio São Gonçalo e trechos dos rios dos Sinos, Caí e Gravataí.

Entre os locais considerados prioritários está o Canal de Itapuã. Questionado sobre a necessidade da dragagem, o governador Eduardo Leite afirmou que o Estado aportará recursos para a execução dos serviços, mas cobrará também a promessa da União em investir no desassoreamento. “Houve uma promessa do governo federal de colocar recursos para a dragagem das hidrovias no RS e nós vamos cobrar. Fizeram muitos anúncios efusivos, cheios de pompa, e até aqui esse recurso não veio e parece que não virá. Se não vier esse recurso, eles têm que assumir que prometeram uma coisa e não entregaram”, salientou Leite.

Encalhes e assoreamento prejudicam navegação e agricultura

Desde as enchentes de maio de 2024, o Rio Grande do Sul tem enfrentado problemas de encalhes de embarcações em suas vias navegáveis. Esses eventos causaram um acúmulo de sedimentos nos rios e canais, agravando o assoreamento. Em julho, por exemplo, um navio-tanque encalhou no Rio Jacuí, na região de Canoas, devido ao acúmulo de sedimentos, bloqueando a passagem de outras embarcações.

Outro caso ocorreu em outubro, quando uma embarcação de 77 metros, arrastada pelas águas das enchentes de maio, permaneceu encalhada em uma fazenda de Triunfo, impedindo o fluxo em um canal de irrigação essencial para lavouras de arroz. Esses incidentes mostram como as condições de navegabilidade do Estado foram prejudicadas, afetando o transporte fluvial e a agricultura.

Para enfrentar essa situação, a empresa pública Portos RS tem intensificado as operações de dragagem, especialmente no Porto de Rio Grande, onde o calado foi reduzido devido ao assoreamento. A dragagem busca restaurar as profundidades adequadas para a navegação e minimizar os impactos econômicos dos encalhes no RS.

Correio do Povo

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