Informação foi confirmada por dois altos funcionários do governo libanês
Dois altos funcionários libaneses revelaram, nesta sexta-feira, 15, que os Estados Unidos apresentaram uma proposta de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, enquanto o Hamas declarou estar "disposto" a negociar uma trégua com Israel em Gaza. Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando militantes islamistas atacaram Israel, diversas iniciativas diplomáticas não obtiveram sucesso.
Um dia após o início do conflito, o Hezbollah começou a realizar disparos de artilharia quase diários em solidariedade ao movimento islamista palestino, o que forçou a evacuação de dezenas de milhares de habitantes do norte de Israel. Israel, que respondia a esses disparos, iniciou em 23 de setembro uma ampla campanha de bombardeios contra posições do Hezbollah e, uma semana depois, intensificou a ofensiva com operações terrestres no Líbano.
Um alto funcionário libanês informou à AFP que a embaixadora dos Estados Unidos em Beirute, Lisa Johnson, apresentou um plano de treze pontos ao primeiro-ministro Najib Mikati e ao presidente do Parlamento, Nabih Berri. O plano prevê um cessar-fogo de 60 dias e o deslocamento do Exército libanês para o sul do país, na fronteira com Israel. Outra fonte do governo confirmou que a proposta está sendo analisada.
Berri "solicitou um prazo de três dias", informou o alto funcionário, acrescentando que Israel ainda não deu uma resposta. Por sua vez, o Hamas declarou estar "disposto a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, caso seja apresentada uma proposta e com a condição de que [Israel] a respeite", segundo Basem Naim, membro do bureau político do movimento islamista palestino, em declaração à AFP.
Naim também pediu ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumirá em janeiro, para "pressionar o governo israelense a interromper a agressão" em Gaza.
Bombardeios ao sul de Beirute e em Gaza
Uma nova série de bombardeios atingiu nesta sexta-feira os subúrbios de Beirute, informou a Agência Nacional de Informação Libanesa (Ani). O Exército israelense declarou à noite ter realizado uma série de ataques contra alvos do Hezbollah na área, incluindo "centros de comando" do movimento pró-iraniano. Mais de 3.440 pessoas, em sua maioria civis, morreram no Líbano desde outubro de 2023, de acordo com o Ministério da Saúde.
Também em Gaza, o Exército israelense realizou novos bombardeios, especialmente em Deir el-Balah, no centro do território palestino. "Fui acordado pelo barulho do bombardeio às 02h30" do horário local, relatou, ainda abalado, Mohamed Baraka à AFPTV. Sua casa foi destruída no ataque, que, segundo ele, deixou "três mártires e 15 feridos".
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que "vários palestinos deslocados" morreram "em ataques na região de Al Mawasi", no centro de Gaza. Em 7 de outubro de 2023, militantes islamistas mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses, que incluem reféns mortos em cativeiro.
Dos sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 estão mortos. A ofensiva militar lançada por Israel em resposta matou pelo menos 43.764 pessoas no território palestino, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.
As operações militares israelenses, que mergulharam o território palestino em uma grave crise humanitária, enfraqueceram o Hamas. Naim, membro do bureau político do Hamas, reiterou que o movimento islamista deseja alcançar "um acordo sério para troca de prisioneiros", trocando palestinos detidos por Israel pelos reféns ainda mantidos em Gaza.
A Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas que participou do ataque de 7 de outubro, divulgou nesta sexta-feira um vídeo no qual o refém Sasha Trupanov pede que sejam feitas pressões por sua libertação e a dos demais sequestrados. Desde o início do conflito, houve apenas uma trégua, que permitiu a libertação de mais de 100 reféns no final de novembro de 2023.
AFP e Correio do Povo
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