Prejuízos causados pelas enchentes e alto custo do futebol explicam, pelo menos em parte, números negativos no ano
O Inter fechou os primeiros nove meses de 2024 com um déficit de R$ 148,3 milhões, mostrando que a crise financeira do clube é mais grave do que se imaginava. Apesar de as receitas apresentarem uma tendência de melhora no segundo semestre, os números indicam que o clube precisará de uma significativa injeção de recursos extras para não fechar o ano com déficit.
Para efeitos de comparação, no mesmo período do ano passado, o déficit foi de R$ 60,1 milhões, superado nos últimos meses do ano, principalmente com o recebimento de R$ 218 milhões do acordo com a Liga Forte União para a venda de 20% dos direitos de TV por 50 anos. Assim, o clube fechou 2023 com R$ 170 milhões de superávit.
O detalhe é que apenas metade deste valor entrou efetivamente nos cofres e, sobre a outra metade, há indefinição, já que os clubes querem recomprar uma parte dos direitos. As negociações estão em andamento e devem ter um desfecho em breve. Se a LFU aceitar a recompra por parte dos clubes, o Inter terá que revisar o seu balanço de 2023, afetando o resultado.
Sobre 2024, os números indicam que a única alternativa para o clube será realizar mais vendas de jogadores ainda neste ano. Apesar de o Inter já ter superado a meta prevista no orçamento com a venda de atletas (com a negociação de Igor Gomes para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, por US$ 5 milhões, o Inter atingiu R$ 142 milhões em transações), será preciso realizar novos negócios até dezembro. Wesley, Vitão e Gabriel Carvalho são os jogadores mais valorizados do elenco neste momento.
Entre 2020, que foi o primeiro ano da gestão de Alessandro Barcellos como presidente, e 2023, o Inter sempre fechou com superávits. Portanto, 2024 pode ser o primeiro ano com déficit, em parte por causa das enchentes. Extraoficialmente, o clube alega os números já mostram que há uma recuperação (até julho, o déficit foi de R$ 144,3 milhões) e que a realidade do ano como um todo será tratada em uma suplementação orçamentária que será enviada em breve para a análise do Conselho Deliberativo.
FUTEBOL - Outra explicação para o alto déficit está no custo recorde do futebol para este período do ano. Considerando os primeiros sete meses de 2024, o Inter gastou, em média, R$ 21,5 milhões por mês para cobrir salários, direitos de imagem e encargos de jogadores e comissões técnicas de todas as categorias com contrato profissional, inclusive o futebol feminino.
| Foto: ARTE: LEANDRO MACIEL
Correio do Povo
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