Embaixada da França solicita reunião com ministro da Agricultura, para tentar aliviar tensão provocada por boicote a carnes do Mercosul
A crise provocada pelo boicote a carnes do Mercosul, anunciado pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, chegou ao Palácio do Planalto e à embaixada da França em Brasília. O governo federal quer uma retratação do executivo francês. A representação do país europeu, por sua vez, solicitou, nesta segunda-feira, 25, uma reunião com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, para tentar aliviar a tensão causada pelas declarações de Bompard.
A posição do Planalto alinha-se com manifestações do próprio Fávaro, que se somou à enxurrada de críticas às palavras do líder da rede de hipermercados. Ainda não há data definida para o provável encontro entre o ministro e o embaixador Emmanuel Lenain.
No dia 20, além de decidir suspender a comercialização da proteína fornecida por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, Bompard sugeriu que outras empresas francesas fizessem o mesmo, em solidariedade a agricultores contrários à assinatura de um acordo comercial entre União Europeia e o bloco sul-americano. O executivo disse que a mercadoria do Mercosul não cumpre “requisitos e padrões”.
A iniciativa do empresário provocou uma enxurrada de críticas do setor primário no Brasil e no continente, além de medidas de retaliação, como a suspensão do fornecimento de carnes às lojas da marca no país (com apoio de Fávaro), a instalação de uma comissão externa na Câmara dos Deputados e até mesmo um convite para Lenain comparecer ao Senado para “prestar informações”, por solicitação da senadora Tereza Cristina (PP-MS)
Comissão externa
Nesta segunda-feira, o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) apresentou requerimento para criação de comissão temporária externa, com o propósito de “acompanhar e monitorar as declarações de boicote auferidas pelo Carrefour quanto à comercialização de carnes do Mercosul”.
Na justificativa, Moreira argumentou que a posição do Carrefour “é uma atitude absolutamente irresponsável, falaciosa e discriminatória, em uma clara afronta protecionista ao setor agropecuário brasileiro”. De acordo com o deputado, a comissão avaliará “a conduta e as constantes denúncias da companhia no Brasil” e cita “antecedentes graves das operações, ligados a violações raciais, ambientais e trabalhistas”.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), exigiu uma retratação de Bompard.
“Não é possível que o CEO de um grupo importante como o Carrefour não se retrate de uma declaração de praticamente não contratar as proteínas animais advindas e oriundas da América do Sul”, disse Artur Lira.
O congressista afirmou que pretende pôr em discussão o projeto que institui a Lei de Reciprocidade Ambiental. A proposta proíbe o governo brasileiro de firmar acordos internacionais com restrições ambientais à exportação de produtos brasileiros, sem que os países signatários adotem medidas correspondentes.
Nota do Sincadergs
O Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs) divulgou nota, nesta segunda-feira, 25, repudiando “de todas as formas, as declarações do CEO do Carrefour, na França, sobre o embargo de carnes oriundas do Mercosul e, se alia às 42 entidades que subscreveram uma carta aberta, de representantes da cadeia produtiva brasileira”, diz o texto, salientando que o Brasil é o maior exportador de carne bovina e de aves.
Assinada pelo presidente do sindicato, Ladislau Böes, a nota destaca que o produto brasileiro respeita a legislação de mais de 160 países, sendo elogiado pela qualidade oferecida.
Correio do Povo
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