sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Em agenda no RS, Mourão destaca o “recado” dado pelas urnas no Brasil e nos Estados Unidos

 Em entrevista ao CP, Senador analisa o momento político nacional e internacional, além de temas como a reforma tributária e a reconstrução do RS


Em visita ao Rio Grande do Sul, o senador e general Hamilton Mourão conversou com exclusividade com o Correio do Povo (CP). Entre compromissos institucionais e encontros com lideranças locais, Mourão abordou temas de relevância nacional e estadual, como o cenário político após as eleições municipais, a reforma tributária em trâmite no Congresso e o processo de reconstrução gaúcha após as enchentes. O senador também destacou a importância de uma política de gestão eficiente e o fortalecimento de novas lideranças no país.

Para Mourão, as eleições deste ano no Brasil refletiram o anseio dos eleitores por gestores. Ele argumenta que a população está em busca de resultados práticos para problemas locais, como infraestrutura e transporte, e que a direita e centro-direita souberam se comunicar melhor com esse público. “A população compreende que discursos políticos não resolvem o problema do calçamento da rua, do esgoto ou do transporte público. O que resolve é a capacidade de gerir estes problemas”, afirma.

Ele também acredita que a esquerda perdeu espaço devido ao envelhecimento de suas lideranças e à falta de renovação. “O partido mais importante da esquerda, que é o Partido dos Trabalhadores (PT), na cidade que é o berço deles (São Paulo), não tinha um candidato. Ele usou o candidato do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que é o Guilherme Boulos. A esquerda envelheceu, enquanto direita tem novos valores, que surgiram ao longo desse período, em cima do papel desempenhado pelo presidente Jair Bolsonaro”, opina.

Na semana em que os americanos também decidiram pela eleição de um candidato à direita no espectro político, Mourão traça um paralelo das eleições brasileiras com as eleições americanas, ao mencionar o desgaste que eleitores de lá demonstraram com pautas identitárias. Para ele, os Estados Unidos compartilham com o Brasil esse “cansaço” com temas como imigração e a alta da inflação. Em sua avaliação, a direita tem chances de se manter em destaque no Brasil, caso saiba se organizar para as eleições de 2026, inclusive em torno de uma candidatura de Jair Bolsonaro, caso o ex-presidente se torne novamente elegível.

Reforma Tributária e reconstrução

Um dos principais assuntos do Congresso Nacional no ano, a reforma tributária tem a atual proposta vista com cautela pelo general, devido à complexidade das mudanças e os impactos que poderão surgir para empresas e cidadãos. Segundo ele, a transição para o novo sistema deve ser gradual, mas sem comprometer a simplificação fiscal que o Brasil precisa. “Acredito que simplificar e diminuir o imposto traria muita gente para dentro da base, aumentando a arrecadação em vez de diminuir”, diz. Mourão ressalta, ainda, que o Senado estuda alternativas e diversas questões ainda precisam ser debatidas.

Ao falar sobre a reconstrução do RS após as enchentes, o senador criticou a atuação federal, classificando as ações como “erráticas”. Ele destaca que, embora tenha havido apoio das Forças Armadas no resgate inicial, o governo federal pecou pela lentidão em medidas cruciais para a recuperação de produtores rurais e infraestrutura. “O governo federal poderia ter sido mais célere e ter agido com o princípio da oportunidade, que é fundamental”, afirma.

Por outro lado, avalia que o Estado trabalhou dentro das suas limitações de capacidade de investimento e “fez o que poderia fazer”. Diz, também, que não houve uma mobilização de todos os setores da sociedade e avalia que questões como a dívida com a União poderia ter sido suprimida.

Ainda sobre a reconstrução, o senador explica que A Comissão Temporária Externa do Rio Grande do Sul no Senado, presidida pelo senador Paulo Paim e relatada por ele, foi criada para discutir e recomendar políticas preventivas. “Não é uma CPI, mas buscamos oferecer ideias para evitar que tragédias como essa ocorram no futuro”, afirma. O relatório final será apresentado em dezembro, porém, ainda em novembro, será realizado um evento na Assembleia Legislativa do RS (ALRS) para compartilhar os avanços do trabalho.

Durante sua agenda no RS nesta semana, Mourão participou de eventos em Porto Alegre e teve diversas reuniões. Na sexta-feira, o senador tem compromissos em Erechim, onde conversará com lideranças locais sobre os desafios da região e as demandas que podem ser levadas ao Senado. A visita termina no sábado, com um retorno previsto via Passo Fundo.


Correio do Povo

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