Avanço da moeda norte-americana em novembro foi de 3,8%
O dólar fechou esta sexta-feira em alta histórica, cotado a R$ 6. O valor é reflexo do estresse do mercado financeiro relacionado ao pacote fiscal do governo federal. Desde quarta-feira, dia do anúncio do pacote de corte de gastos, a moeda norte-americana escalou e hoje, mais cedo, ultrapassou a barreira dos R$ 6, chegando a ficar em R$ 6,11.
A medida teria irritado o mercado, que também lida com o temor em relação aos impactos do câmbio na inflação. As questões fiscais fizeram o dólar avançar 3,8% no mês de novembro.
No final do pregão desta sexta-feira, o dólar registrou alta de 0,19%, cotado a R$ 6,0005. A mínima do dia foi de R$ 5,9564, e a máxima, de R$ 6,1156 — novo recorde intradiário.
Ao considerar o anúncio do governo federal sobre o pacote de corte de gastos, os principais agentes do mercado financeiro esperavam um corte maior que os R$ 70 bilhões em dois anos e os R$ 327 bilhões em cinco anos propostos pelo Executivo, segundo avaliação do diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor de economia licenciado da Universidade de Brasília (UnB), André Roncaglia.
“O mercado esperava um pacote de cortes e o que veio foi um pacote de contenção do crescimento dos gastos. O mercado ficou frustrado porque esperava um caminho mais austero no sentido de efetivamente reduzir a quantidade de dinheiro gasto no agregado pelo governo e o que o governo entregou foi diminuir o quanto vai aumentar o gasto”, explicou.
O economista e professor da UnB, César Bergo, avaliou à Agência Brasil que é preciso considerar ainda o cenário global marcado por incertezas, em especial, devido a gestão de Donald Trump, eleito presidente dos EUA, que tem prometido aumentar a taxação das importações.
“Sobretudo em função das medidas que Trump vem anunciando, com o protecionismo e a questão da taxação dos comércios e seu discurso de fortalecimento do dólar. Tudo isso tem afetado o preço do dólar. Contribui também a política monetária americana, que na dúvida não reduz a taxa de juros, então também fortalece o dólar no mundo inteiro”, disse.
Correio do Povo
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