No ano que vem, Arrozeira Pelotas, primeira beneficiadora do Brasil a incluir rastreio em suas embalagens, em projeto experimental para o mercado do Distrito Federal, usará tecnologia em 100% de sua produção
Arroz em cascaEm meados de 2025, a Arrozeira Pelotas, empresa que no ano que vem vai completar três décadas de operação no município de Pelotas, zona Sul do Estado, terá toda a sua produção de arroz branco, arroz parboilizado e arroz parboilizado integral rastreada pelo Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital e lançado em 2022 com um primeiro projeto de rastreamento do açúcar mascavo, para evitar adulterações no produto.
O arroz pelotense foi o primeiro do Brasil a utilizar a tecnologia, distribuindo, em agosto deste ano, 300 toneladas do grão aos mercados do Distrito Federal e a alguns estabelecimentos comerciais na região de Pelotas. De acordo com a supervisora de qualidade da Arrozeira Pelotense, Nathalia Xavier, a empresa tem capacidade mensal de beneficiamento de 18 mil toneladas de arroz branco e 6 mil toneladas de arroz parboilizado e parboilizado integral, além de uma capacidade armazenamento estática de 125 mil toneladas.
A experiência com as embalagens rastreáveis do arroz Brilhante, relata ela, foi muito bem aceita pelo consumidor e será aplicada em toda a produção tão logo a empresa esgote as embalagens já fabricadas que não contêm QR Code.
"Para não haver desperdício das embalagens que temos prontas, vamos aguardar o término e produzir embalagens novas já alinhadas com a tecnologia", diz.
Nathalia explica que a utilização do Sibraar permite a criação de um banco de dados com todas as informações sobre a produção, quem é o produtor, de onde o arroz vem e pelo que passou durante a safra. "Isto fornece segurança para nós, sobre a qualidade de nosso produto, e para o consumidor, que sabe o que está comprando", aponta a supervisora. Empreendimento familiar, a Arrozeira Pelotas trabalha com cerca de 250 orizicultores da região Sul do Estado, “o que garante o fornecimento de matéria prima o ano inteiro e com entregas de alta qualidade”, afirma Nathalia.
O Sibraar é uma tecnologia que permite armazenar dados de fabricação do produto em blocos digitais, usando a tecnologia blockchain, mecanismo avançado que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. O sistema assegura a integridade das informações geradas ao longo do processo, podendo ser utilizada nas diversas etapas da cadeia do arroz, da produção, processamento e beneficiamento, até a comercialização.
Conforme a Embrapa, a rastreabilidade oferece uma série de vantagens aos produtos, como a oportunidade de certificação de qualidade, produção sustentável (exigida especialmente pelos consumidores do mercado externo), maior controle dos processos e diferencial competitivo. Na cadeia do açúcar mascavo, onde o uso do sistema começou, o rastreamento fez aumentar em 15 vezes o valor comercial do produto.
Neste ano, um novo braço do Sibraar começa a ser estudado, para entrar em operação a partir de 2027, desta vez para elaborar protocolos para o rastreamento da cadeia de aves e suínos no Brasil. O trabalho está sendo realizado em parceria entre a Embrapa e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a qual representa as empresas e cooperativas que atuam na produção dos alimentos no campo e no processamento agroindustrial nesses segmentos. A iniciativa é importante para atender às crescentes exigências do atual consumidor, bem como para viabilizar o acesso a novos mercados externos.
Correio do Povo
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