Cooperativa de crédito é a principal operadora do projeto no Estado em número de contratos
Sicredi tem mais de 670 pontos de atendimento em mais de 480 das 497 cidades gaúchas. Na foto, a Agência Vista AlegreEm julho e agosto, nos dois primeiros meses do Plano Safra 2024/2025, o Sicredi obteve resultados superiores ao registrado no mesmo período para o Safra de 2023/2024, no Rio Grande do Sul. A liberação de valores em julho, mês de lançamento do plano, chegou a R$ 2,7 bilhões, 28,5% acima dos R$ 2,1 bilhões do ano passado. Em agosto, o total liberado somou R$ 5,2 bilhões, superando em 10,63% os R$ 4,7 bilhões movimentados em 2023.
“Com o que vivenciamos em maio e junho, eu diria que é um desempenho muito positivo”, diz o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, referindo-se às dificuldades enfrentadas pelo Estado, decorrentes de chuvas e enchentes.
A cooperativa de crédito é a principal operadora do Plano Safra no Estado, considerando o número de contratos, respondendo por 44% dos negócios fechados nos dois meses, de acordo com Port.
“Somando Sicredi e Banco do Brasil, vamos ter 2/3 das operações. Em valores somos os segundos, pois trabalhamos muito com a agricultura familiar”, afirma Port.
Ainda que indique uma superação nos resultados, na comparação entre 2023 e 2024, o balanço apresentado pelo Sicredi também aponta números inferiores aos obtidos no ano passado. Isso ocorre, por exemplo, justamente no volume de contratos formalizados. Em julho e agosto de 2023, foram mais de 65 mil transações, contra mais de 60 mil no mesmo intervalo de 2024.
Um dos maiores crescimentos ocorreu com os recursos destinados a investimentos, que saltaram de R$ 900 milhões, em julho e agosto de 2023, para R$ 1,9 bilhão nos mesmos dois meses em 2024, alta de 111%. Nas operações com cédula de produto rural também houve um aumento expressivo, de 40%, passando de R$ 1 bilhão no período, em 2023, para R$ 1,4 bilhão, em 2024.
Sem interpretação
Port diz não ser possível interpretar o crescimento com exatidão, neste momento. “Pode ser pela expectativa de uma boa safra depois de anos de estiagem. Pode ser investimento para reposição de maquinário. Mas são suposições”, diz o presidente.
Nas operações de custeio, porém, ocorreu o inverso, com uma baixa de 10,42% sobre os R$ 4,8 bilhões de julho e agosto de 2023. No mesmo período de 2024, foram R$ 4,3 bilhões. Quando as operações são analisadas considerando o público contemplado também se revela uma queda em Pronaf e Pronamp.
No período observado em 2023, 41,5% dos valores foram destinados por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Em julho e agosto de 2024, as liberações do Pronaf representaram 33,5%. Em julho e agosto de 2023, o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural acumulou 26,4% dos recursos. Nos mesmos meses em 2024, o programa acumulou 24,4% da movimentação financeira.
Incertezas no setor
Na avaliação de Port, as reduções no Pronaf e no Pronamp podem estar relacionadas a incertezas do setor primário e até mesmo do sistema financeiro em relação à renegociação de dívidas agrícolas e estabelecimento de créditos extraordinários, que dependem de regulamentação do governo federal.
“Muitos produtores estavam na expectativa, por exemplo, do que foi anunciado com a linha de crédito do BNDES”, pondera o dirigente referindo-se à contratação de capital de giro para produtores rurais, cooperativas agropecuárias, cerealistas e fornecedores de insumos agrícolas por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Conforme Port, os agropecuaristas têm “registrado intenção” de prorrogar financiamentos. “Muitos têm a expectativa de prorrogar todo o passivo. O governo federal provavelmente não teria caixa para isso”, observa o presidente do Sicredi Sul/Sudeste, lembrando que produtores do Centro-Oeste, atingidos pela estiagem, igualmente enfrentam dificuldades.
Correio do Povo
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