Zagueiro anunciou aposentadoria após 11 anos no Tricolor
Geromel anunciou, nesta terça-feira, sua aposentadoria ao final desta temporada. Com isso, o jogador encerra sua vitoriosa carreira no Grêmio após 11 anos, relembre.
Pedro Tonon Geromel chegou ao Grêmio em dezembro de 2013, anunciado como reforço para temporada seguinte, quando o time disputaria a Copa Libertadores da América. Começava ali a trajetória do zagueiro, que iria ficar marcado como um dos maiores da história do clube. Mas, não foi amor à primeira vista.
Então desconhecido, o defensor de 28 anos demorou até mesmo para estrear com a camisa tricolor. Era reserva no time de Enderson Moreira. Seu primeiro jogo foi em uma vitória do Grêmio por 3 a 0 do diante do Novo Hamburgo, pelo Gauchão, quando Moreira utilizou reservas. No jogo seguinte, contra o Atlético Nacional, pela Copa Libertadores da América, Geromel ficou no banco. Voltou a campo no dia 7 de março contra o São Luiz, em um jogo marcado por um gol contra seu. As coisas, definitivamente, não começavam bem para ele no Grêmio. Naquele Gauchão atuou somente mais duas vezes.
Zagueiro foi apresentado em dezembro de 2013 | Foto: Lucas Uebel/Gremio FBPA/CP
Durante a Copa Libertadores daquele ano, foi utilizado em três oportunidades, duas delas nas oitavas de final, contra o São Lorenzo, quando o clube acabou sendo eliminado nos pênaltis. Ele já começava a galgar seu lugar no time titular, mas uma lesão em maio de 2014 o tirou do time principal por praticamente dois meses. Acabou atuando em 24 partidas naquele Brasileirão, 23 como titular.
Já com Felipão na casamata desde a metade de 2014, Geromel já havia virado titular absoluto do time. Fez seu primeiro gol com a camisa tricolor em um mata-mata de Gauchão na Arena. O time perdia de 1 a 0 para o Novo Hamburgo pelas quartas de final, quando, ao 24 minutos da segunda etapa, após um cruzamento de bola parada, o camisa 3 subiu sozinho e guardou o gol de empate do Tricolor, que conseguiria sua classificação nos pênaltis. Ele marcaria mais dois naquela temporada. O segundo foi novamente importante, diante do Juventude na semifinal do Estadual, o zagueiro desempatou a partida, que estava 1 a 1, de cabeça, e garantiu o Grêmio na final.
Parceria com Kannemann
Dono da posição, mas com o clube vivendo uma seca de títulos Geromel teria em 2016 o primeiro ano de trajetória vitoriosa pelo Tricolor. Não somente pela conquista que o time conseguiria ao final daquele ano, mas sim pela parceria que se formaria ao decorrer daquela temporada. No dia 15 de julho de 2016, o Grêmio anunciava a contratação de Walter Kannemann, zagueiro argentino que havia sido destaque no São Lorenzo em 2014. Era o começo de uma das maiores, se não a maior, dupla de zaga da história Tricolor. O primeiro jogo dos dois juntos foi logo em uma Copa do Brasil, no dia 24 de agosto. Naquele jogo, o Tricolor, ainda com Roger Machado no comando, venceu a partida por 1 a 0, fora de casa. Roger sairia semanas depois, dando lugar a Renato Portaluppi. Começava ali a era mais vencedora do Grêmio neste século.
A parceira com o argentino parece ter encaixado desde o primeiro minuto em campo juntos. Foram centenas de jogos, e as fotos dos dois beijando a taça virou tradição ano a ano. "Eu acho que quando a gente olha para trás a gente fica muito feliz de ver onde chegamos hoje. Foi com muito trabalho, suor e com muita vontade", falou Geromel, ao lado de Kannemann, durante uma entrevista coletiva no dia 29 novembro de 2018, quando o clube havia anunciado a renovação de contrato da dupla.
Dupla consagrada: Geromel e Kannemann beijam a taça da América | Foto: Lucas Uebel/Gremio FBPA/CP
Desempenho em Gre-Nais
A propósito, o desempenho da dupla em clássicos Gre-Nais é positivo. Nos 14 clássicos em que jogaram juntos foram cinco vitórias, seis empates e três derrotas. A primeira delas ocorreu somente em 2021, depois de quatro anos que a dupla estreou junta em um jogo contra o Inter. Ao todo, Geromel atuou em 27 clássicos. Venceu nove, empatou dez, perdeu oito. Fez um gol na história dos clássicos no Gre-Nal 422, vencido pelo Tricolor por 2 a 0 na Arena, no dia 3 de novembro de 2019.
Zagueiro comemora único gol marcado em GreNais, em 2019 | Foto: Ricardo Giusti
Lesões
Com o passar dos anos, a consagrada dupla começou a jogar cada vez menos. Em 2021, ano da queda para a Série B, os dois atuaram somente em 19 partidas juntos. No ano seguinte, foram apenas sete partidas atuando a lado a lado por conta de um lesão de Kannemman. No ano seguinte, foi a vez de Geromel ficar no departamento médico e fechando um total de apenas seis partidas da dupla lado a lado. Neste ano, foram 11 partidas em que os dois estivem em campo juntos, incluindo a final do Gauchão contra o Juventude, onde possivelmente, devem ter conquistado o último título juntos.
Uma década de glórias
Em onze anos de Grêmio, Geromel ajudou o clube a ser hepta campeão gaúcho, tetra da Recopa Gaúcha, bi campeão da Recopa Sul-Americana, e campeão da Copa do Brasil em 2016 e da América em 2017. Seu auge foi em 2017, quando recebeu o prêmio de melhor zagueiro da América, feito que repetiu em 2018. Ainda ganhou quatro Bolas de Prata pelo Brasileirão, em 2015, 16, 17 e 18.
Com a conquista da copa continental o Grêmio teve a chance de disputar o Mundial de Clubas da Fifa. Após vencer o Pachuca, do México, por 1 a 0, com gol de Everton. Na final contra o Real Madrid, a dupla não deixou o craque Cristiano Ronaldo jogar em paz. O único gol da partida foi marcado de falta, pelo então melhor do mundo.
Com a camisa Tricolor, Geromel atuou 404 vezes, marcou 15 gols, conquistou 14 taças e será sempre lembrado com carinho pela torcida do Grêmio. Em 2019, o zagueiro colocou seus pés na Calçada da Fama do clube, ao lado do ex-atacante Loivo, ídolo nos 60.
Loivo e Geromel colocam os pés na Calcada da Fama do Gremio | Foto: Lucas Uebel/Gremio FBPA/CP
Correio do Povo
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