Concorrência com o produto importado permanece como uma ameaça aos produtores do estado e do país
Glauco Carvalho, economista e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, em reunião do Conseleite na manhã desta terça-feira, 29Medidas como a redução de custos, para conseguir enfrentar a concorrência do produto importado, e ampliação do mercado interno, explorando nichos de maior valor agregado, são desafios que deverão ser enfrentados pela pecuária de leite em 2025, para manter a rentabilidade da atividade a médio prazo e confirmar projeções positivas no próximo ano.
Produzida pela Embrapa Gado de Leite, a avaliação foi apresentada na manhã desta terça-feira, 29, a representantes do setor industrial e de produtores gaúchos, durante reunião mensal do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite), na sede do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS), em Porto Alegre (RS).
Glauco Carvalho, economista e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, alertou que a estabilidade dos preços do leite vem sendo mantida por um crescimento econômico projetado em 3% do PIB para 2024, sustentado pela expansão do crédito, consumo das famílias e gastos do governo.
Falta de competitividade
Carvalho salienta, no entanto, que um arrojo maior nos investimentos é necessário para sustentar o desenvolvimento no longo prazo. Entre as ameaças percebidas no horizonte, de acordo com o economista, está a falta de competitividade do leite brasileiro frente aos importados, que seguem ingressando no Brasil a taxas crescentes.
Com produção estagnada, o mercado brasileiro torna-se um prato cheio para a produção externa. De janeiro a setembro de 2024, a importação de lácteos cresceu 6%. O cenário é motivado apenas por questões de mercado uma vez que, enquanto o preço do quilo do leite em pó no Brasil é de R$ 27,87, o importado chega ao país a R$ 20,28.
Reduzir custos
“A importação tende a seguir elevada, pois o produto importado está mais competitivo. A medida do governo para limitar a importação tirou o laticínio da jogada, mas as compras seguem via tradings e varejistas”, disse o pesquisador da Embrapa, citando também a abertura de um nicho de companhias que vêm operando no porcionamento de produtos para redistribuição no mercado interno.
“O que preocupa é que nossa produção está perdendo participação no abastecimento doméstico”, advertiu Glauco Carvalho.
A solução para enfrentar o problema está na redução dos custos de produção. De acordo com o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portella, o modelo foi exitoso na expansão do setor avícola brasileiro. “Com base na redução de custos por quilo, se conseguiu elevar o consumo interno, expandir produção e, só então, achar o caminho das exportações”, comparou.
Outra potencialidade indicada por Carvalho é a exploração de nichos de maior valor agregado e que trabalhem o consumo dentro da fatia populacional que o Brasil dispõe hoje, com boa parte da população mais velha. Com o baixo crescimento demográfico e com a renda relativamente estagnada na última década, o caminho é explorar potencialidade e funcionalidades, criando demandas em novas faixas de idade e renda.
Correio do Povo
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