Mas Netanyahu disse que Israel não havia recebido uma proposta sobre a libertação de reféns em troca de uma trégua
Israel anunciou, nesta segunda-feira (28), que havia discutido com negociadores estrangeiros reunidos no Catar um novo projeto de acordo sobre a libertação de reféns retidos na Faixa de Gaza, em meio à guerra contra o Hamas no território palestino e contra o Hezbollah no Líbano.
O chefe do Mossad, o serviço de inteligência israelense, se reuniu no Catar com o chefe da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro catari para tratar deste “novo projeto de acordo”, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
“Nos próximos dias, as negociações continuarão entre os mediadores e o Hamas” sobre este projeto que “integra propostas anteriores e leva em conta os recentes eventos na região”, acrescentou.
Na véspera, o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, cujo país é um dos mediadores no conflito em Gaza, junto com o Catar e os Estados Unidos, propôs um cessar-fogo de dois dias “durante os quais quatro reféns seriam trocados por alguns presos” que estão nas prisões de Israel.
Esta trégua precederia negociações “dentro de dez dias” para um “cessar-fogo completo e a entrada de ajuda humanitária” no território palestino, estritamente controlada por Israel.
Mas Netanyahu disse nesta segunda que Israel não havia recebido uma proposta sobre a libertação de reféns em troca de uma trégua de dois dias, segundo seu porta-voz.
“Se esta proposta tivesse sido feita, o primeiro-ministro a teria aceito imediatamente”, destacou em um comunicado Omer Dostri, porta-voz de Netanyahu.
O Parlamento israelense votou nesta segunda-feira, apesar das objeções dos Estados Unidos e da ONU, um projeto de lei que proíbe em Israel as atividades da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA).
Israel acusou alguns funcionários da agência de terem participado do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelense, que desencadeou a guerra em Gaza.
A UNRWA denunciou uma votação “escandalosa” contra o “maior interveniente das operações humanitárias em Gaza”, de acordo com a a porta-voz Juliette Touma.
Consequências "inimagináveis"
O presidente israelense afirmou na rede social X que Israel está disposto a garantir o fornecimento de ajuda humanitária na Faixa de Gaza de uma "forma que não ameace a segurança de Israel".
Por sua vez, o Hamas denunciou a "agressão sionista" contra os palestinos após a adoção do projeto de lei.
Vários países europeus, incluindo Alemanha, Reino Unido e Espanha, condenaram a medida israelense.
Apesar da pressão internacional, Israel continua sua ofensiva contra o Hamas e o Hezbollah, dois movimentos islamistas apoiados pelo Irã, após bombardear no sábado alvos militares em território iraniano.
O Irã busca fabricar "reservas de bombas nucleares para destruir Israel" e "poderia ameaçar o mundo inteiro", disse Netanyahu nesta segunda.
Os bombardeios de sábado "mudaram o equilíbrio de forças" entre os dois países, declarou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que considerou que "o inimigo foi enfraquecido".
O Irã ameaçou nesta segunda Israel com consequências “inimagináveis”, após esses ataques, realizados em resposta ao lançamento de mísseis iranianos contra o território israelense em 1º de outubro.
Em um contexto de alta tensão regional, o Conselho de Segurança da ONU deve se reunir com caráter de urgência nesta segunda-feira, a pedido do Irã, para tratar a situação no Oriente Médio.
Bombardeios no Líbano
Depois de debilitar o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte de suas operações para o Líbano. Em 23 de setembro, o Exército iniciou uma campanha aérea contra os redutos do Hezbollah, e uma semana depois iniciou uma ofensiva terrestre que, até o momento, provocou as mortes de 37 soldados.
O objetivo, segundo as autoridades israelenses, é permitir o retorno ao norte do país de quase 60 mil deslocados pelos lançamentos de foguetes do Hezbollah.
Nesta segunda, um bombardeio israelense matou sete pessoas na cidade costeira de Tiro, sul do Líbano, e no leste, vários bombardeios mataram outras 60, segundo as autoridades.
Desde 23 de setembro, mais de 1.670 pessoas morreram no Líbano, de acordo com a AFP com base em dados oficiais.
O movimento pró-iraniano reivindicou, por sua vez, vários ataques com foguetes e artilharia na fronteira israelense, assim como disparos de projéteis contra a base naval de Stella Maris, perto de Haifa, no norte de Israel.
Segundo o Exército israelense, cerca de 115 "projéteis" foram disparados nesta segunda-feira pelo Hezbollah em direção a Israel.
“Dezenas de terroristas”
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense anunciou que matou “dezenas de terroristas” em Jabaliya, no norte do enclave, onde iniciou uma ofensiva em 6 de outubro para, segundo afirma, impedir que combatentes do Hamas se reagrupem.
A guerra em Gaza começou após o ataque de milicianos do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.206 pessoas, principalmente civis, e capturou 251, de acordo com levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Dessas, 97 seguem em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declaradas mortas pelo Exército.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou 43.020 mortos, em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
AFP e Correio do Povo
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