domingo, 13 de outubro de 2024

Conheça a empreendedora gaúcha que criou o próprio negócio aos 17 anos

 Bella Mais conta a história da jovem designer de unhas Bárbara Marques, que enfrentou solidão, luto e recomeços em cinco anos de empreendedorismo

Bárbara Marques, de Canoas, criou o próprio negócio quando se frustrou pela primeira vez com o mercado de trabalho tradicional 

O número de jovens empreendedores brasileiros aumentou em 23% nos últimos dez anos, segundo o Sebrae. Segundo o recorte do Sebrae, no último trimestre de 2023, os jovens de 18 a 29 anos representavam 16,5% do total de quase 30 milhões de donos de negócios no país.

Com motivações que partem desde oportunidade e inovação à independência financeira e flexibilidade, eles buscam a chance de se destacar através de produtos e serviços diferenciados.

Aos 22 anos, a designer de unhas Bárbara Marques (@bahdasunhas) compõe esta parcela da população. A jovem de Canoas é dona do próprio negócio desde os 17, quando se frustrou pela primeira vez com o mercado de trabalho tradicional.

“Comecei como menor aprendiz em uma imobiliária, fiquei um ano lá e foi horrível. Eu odiava o local, odiava as pessoas, odiava a forma que eles me tratavam. Eu servia água, limpava a cozinha, repunha mantimentos de higiene, coisas que não eram do meu papel fazer”, revela.

Porém, tudo mudou quando descobriu um curso de alongamento de unhas, na mesma época do final do estágio. “Eu sempre falo que meu serviço me encontrou, porque eu nunca sonhei em trabalhar com a área da beleza. Nunca foi algo que nasceu em mim, que eu amava, ou até mesmo a parte de empreender”, confessa.

Na época, com 17 anos, as áreas de interesse de Bárbara eram outras. A jovem designer pretendia seguir carreira na psicologia ou em profissões que envolvessem contato direto com pessoas. “Eu tinha que trabalhar com qualquer coisa que tivesse comunicação. O que eu falava pra minha mãe era ‘eu prefiro ser atendente de loja do que trabalhar com papéis o dia todo’”.

Apesar disso, o primeiro curso de extensão de unhas foi um importante marco para sua trajetória profissional. Conforme foi progredindo nos estudos, ela passou a atender à domicílio e com retornos financeiros positivos, além das diversas indicações.

“Depois disso, as coisas só fluíram. Comecei a fazer alongamento também, me frustrei, fiz outro curso, aprendi mais sobre alongamento. Disso para cá, já tive vários espaços. Já trabalhei sozinha, tive um baita de um espaço montado como eu queria, já atendi em casa, já atendi em outros salões e também já tive outros negócios”, relembra.

Mas, enquanto uma parte ia bem, a outra ainda enfrentava reflexos de costumes familiares, como a forma de lidar com o dinheiro. “Eu cresci com o ‘meio-termo’, tira dinheiro de um lugar pra pagar outro. Cartões, muitas contas. Cresci vendo minha mãe tirando empréstimos. No início, eu segui na mesma linha. Hoje em dia posso dizer que estou melhor, mas tive que mudar esses hábitos”

Além das responsabilidades de gestão de negócio, Bárbara revela que outras dificuldades também se apresentaram no caminho: a solidão e o falecimento da mãe, vítima de câncer.

“Eu tava preparada desde muito cedo pra perder a minha mãe. Sou adotada, e desde os meus sete anos ela tinha câncer. Eu sempre quis agir de uma forma que ela não se preocupasse comigo e eu não dependesse dela porque eu pensava ‘minha mãe vai morrer, eu não posso depender dela”, revela.

Ela avalia que esse pode ter sido um fator que determinou a solitude na jornada de empreendedora, por exemplo. “Eu acabei me tornando uma pessoa solitária, no sentido de não ter com quem conversar sobre o negócio ou passar por coisas sozinha. Em vários momentos, isso já me doeu muito, mas eu acho que eu sou a prova viva de que não preciso de ninguém para iniciar minhas coisas.”

A falta de apoio, porém, não tem espaço na relação de Bárbara com as clientes. “Conversamos sobre tudo: vida pessoal, casamento, filhos, sobre o serviço. Tem clientes que choram, que riem, que pedem abraço. É um espaço onde as pessoas se sentem acolhidas.”

A troca de experiências, respeito e amizade fazem com que a jovem empreendedora olhe para o trabalho de forma mais leve e mais esperançosa. “Eu sou uma pessoa mais feliz por causa do meu trabalho. O conselho que eu dou pras minhas clientes é: ‘você passa muito tempo trabalhando, você tem que trabalhar com alguma coisa que te faça bem’”, finaliza.

Agência Brasil e Correio do Povo

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