terça-feira, 8 de outubro de 2024

Caberá ao PDT definir apoio a Maria do Rosário, diz Juliana Brizola

 Tendência é por apoio à petista. Manifestação deve sair amanhã



Com 19,69% dos votos, Juliana Brizola (PDT) ficou em terceiro lugar na corrida à prefeitura de Porto Alegre, sendo desbancada por 45 mil votos a mais recebidos por Maria do Rosário (PT), que conquistou o segundo lugar. Agora, tanto a candidata do PT quanto Sebastião Melo (MDB), vencedor do primeiro turno, estão em busca do apoio – e dos eleitores – do PDT.

Nos últimos dois dias, ambas as campanhas já entraram em contato com líderes pedetistas. E, segundo Juliana, a probabilidade é de que uma decisão partidária venha entre amanhã (quarta-feira) ou depois. A tendência é de que esse apoio seja para Rosário.

"O PDT não vai ficar neutro, porque não pode ficar neutro. Nós nunca fomos um partido de ficar em cima do muro e vejo com muita dificuldade o apoio ao atual prefeito por todas as mazelas que foram identificadas durante a campanha em relação à administração da cidade", afirmou a pedetista.

Ela fez questão de enfatizar, contudo, que o apoio é partidário, não da Juliana. "Eu posso até ser a voz do partido, mas não é a voz da Juliana", afirmou.

Até a publicação dessa entrevista, a candidata do PT ainda não havia contatado a pedetista, embora tenha conversado com o presidente nacional do partido, Carlos Lupi. "O que meu partido me pedir eu vou fazer, mas não me sinto à vontade de apoiar nenhuma das duas candidaturas. Porque se eu me sentisse representada por qualquer um dos lados eu já teria somado no primeiro turno", resumiu.

A proposta de Rosário de adesão a projetos da campanha pedetista não conquistou Juliana. Apesar disso, o apoio à candidatura de Melo é ainda mais improvável. Tanto por parte de Juliana, quanto do PDT. Não só pelo partido de Juliana estar junto do governo federal, mas pelos campos ideológicos que cada um representa.

"É muito mais a questão de defender quem acredita na vacina, na ciência, no Estado Democrático de Direito, do que qualquer outra questão de programa para cidade, porque, como eu te disse, a maior parte das minhas propostas ela já tinha absorvido no primeiro turno. Mas é claro que o campo que o PT milita, de defesa do Estado Democrático, de reconhecer a importância da vacina, da ciência, isso nos aproxima, porque o outro campo é a negação de tudo. O outro campo vai ter um vereador que se elegeu na base aliada que se chama Ustra", explicou Juliana.

Juliana Brizola ficou em terceiro lugar na disputa à prefeitura de Porto Alegre Juliana Brizola ficou em terceiro lugar na disputa à prefeitura de Porto Alegre | Foto: Camila Cunha

“Faltou tempo”, lamenta Juliana

Juliana esperou dois dias para se pronunciar. Conforme o resultado foi sendo confirmado, com ela fora do segundo turno, a ex-deputada decidiu não se manifestar. Coube ao seu candidato a vice, deputado estadual Thiago Duarte (União Brasil), fazer a manifestação oficial.

O motivo, contou, foi para preservar sua família. Durante a segunda-feira, passou junto dos filhos, José Inácio, de 13 anos, e Angelina, de 10. "Eles acabam se envolvendo muito", lamentou.

Ainda que triste com o resultado, Juliana acredita que o que faltou na campanha foi tempo. "Eu estava bastante otimista porque a campanha vinha em crescimento desde o início. A gente começou com 7% e toda semana cresceu um pouco. Então estávamos bastante otimistas", revela. Na avaliação da ex-deputada, “faltou duas semaninhas”.

A cartada da campanha pedetista com o apoio do governador Eduardo Leite (PSDB) entrou no cálculo dos acertos. Juliana acredita que boa parte dos 136.738 votos que recebeu veio justamente dessa vinculação. Leite participou de uma peça do programa de TV da candidata.

"Eu acho que ele entrou da forma certa, na hora certa. Zero queixas", afirma Juliana. O governador, aliás, já mandou mensagem para a ex-deputada.

Agora, Juliana deverá voltar a trabalhar para o partido, onde ocupa cargos na diretoria estadual e nacional, com o foco em 2026. Sem saber se vai concorrer para algum cargo, ela pretende trabalhar para fortalecer as nominatas para Assembleia e Câmara dos Deputados e garantir que o PDT passe a cláusula de barreira, uma preocupação extra que vem incomodando os trabalhistas.

"Eu sigo fazendo política, é o que eu faço há 30 anos e nem sei fazer outra coisa".

Correio do Povo

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