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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Após atrito com Musk, Lula sugere a Brics força de governos contra interesses privados

 Líder brasileiro também disse que a presidência brasileira à frente do grupo reafirmará a proposição de um mundo multipolar



presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 23, à cúpula dos Brics, ser necessária a criação de um marco internacional que permita aos governos prevalecerem contra empresas.

A fala vem semanas depois de o chefe do governo brasileiro fazer críticas ao bilionário Elon Musk, dono do X, que entrou em atrito com o Supremo Tribunal Federal (STF) depois de sua rede social ser suspensa no Brasil pela Corte. Lula não citou o nome do empresário.

"Precisamos fortalecer nossa capacidade tecnológica e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que as vozes dos governos preponderem sobre interesses privados", disse o presidente. A reunião da cúpula dos Brics está sendo realizada em Kazan, na Rússia, mas Lula participou por videoconferência a partir de Brasília. O presidente brasileiro cancelou a viagem ao país asiático depois de um acidente doméstico no fim de semana.

Mundo multipolar

Lula disse que a presidência brasileira à frente do grupo reafirmará a proposição de um mundo multipolar. A cada ano que passa tem sido mais difundida a análise de que o bloco caminha para ser uma força de contraposição, com protagonismo da China, ao poder da aliança Estados Unidos-Europa na política global.

"Na presidência brasileira dos Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relação menos assimétricas entre os países", declarou o petista.

A cúpula dos Brics é realizada em Kazan, na Rússia, mas Lula está em Brasília e participou por videoconferência. O presidente brasileiro cancelou a viagem até o local por causa de um acidente doméstico.

O líder brasileiro afirmou que o lema da presidência do Brasil à frente dos Brics, no ano que vem, será "fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável".

Lula disse que não se pode aceitar um "apartheid" no acesso a vacinas, medicamentos e no desenvolvimento da inteligência artificial. O petista mencionou a disputa por insumos na pandemia para ilustrar sua declaração sobre acesso a vacinas e medicamentos.

Oriente Médio e Ucrânia

Lula fez um apelo para "evitar uma escalada" nos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, que ameaçam se tornar globais, durante seu discurso na reunião de cúpula dos Brics, na Rússia.

"Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia", pediu Lula de Brasília por videoconferência, instando os países a trabalharem juntos para pôr fim também à guerra entre Israel, Hamas e Hezbollah.

Taxação de super ricos

Lula também afirmou que os integrantes do bloco foram fundamentais para o avanço da proposta de taxação dos super ricos, um ideia adotada pelo governo brasileiro nas discussões globais como forma de reduzir a desigualdade.

O petista usou o protagonismo temporário do País à frente do grupo das maiores economias globais para pautar o combate às desigualdades. "Seu respaldo do Brics foi fundamental para avançar em iniciativas que são crucial para redução das desigualdades, como taxação dos super ricos", disse o presidente brasileiro.

Lula também disse que o Brics é um "ator incontornável" nas discussões sobre o enfrentamento às mudanças climáticas, mas voltou a marcar posição de que a maior responsabilidade é dos países mais desenvolvidos.

"Não há dúvidas de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos US$ 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos", declarou o presidente brasileiro. Apesar disso, Lula disse que cabe aos países emergentes "fazerem sua parte" para limitar o aumento da temperatura global.

Estadão Conteúdo e Correio do Povo

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