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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

“Temos que levantar a cabeça e ir para cima”, diz morador que reforma casa em Eldorado do Sul após enchentes

 Rastros da destruição ainda se fazem presentes em muitos pontos do município da Região Metropolitana

Eldorado tem casas em situações precárias cinco meses após enchentes 

Em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, a vida continua difícil para muitos moradores, mesmo quase cinco meses depois das devastadoras enchentes que atingiram 80% do município. No bairro Picada, junto à Ilha da Pintada, um pórtico foi recentemente instalado pela Prefeitura, enquanto há famílias ainda se recuperando dos efeitos das cheias. O atacadista Éricles Maciel e sua esposa, Milena Nazareth, que ficou desempregada após a tormenta, contaram neste domingo que se mudaram há dois meses para uma residência simples de madeira também atingida pela água.

“Saímos daqui com a enchente e fomos até Guaíba, na família dela (esposa). Depois, tentamos procurar uma casa lá ou um apartamento em Porto Alegre ou Alvorada, só que o pessoal aumentou bastante o preço dos aluguéis. Antes da enchente, era uns R$ 800, R$ 900, e subiu para R$ 1,5 mil ou até R$ 1,8 mil. Não tínhamos como trabalhar também, porque a ponte para Eldorado estava fechada”, contou Éricles.

O carro do casal, um Peugeot 206, conseguiu sobreviver à inundação, e a nova casa, não distante da BR 290, está sendo reformada, inclusive nos pilares. “Eu ainda consegui pegar um dinheiro com minha patroa, para ajudar nas despesas. Fiz um novo encanamento aqui, não sabia como fazer, mas os sites de vídeo estão aí para isto. A gente tem que levantar a cabeça e ir para cima, ainda mais porque somos brasileiros e gaúchos”, prosseguiu.


Sua vizinha, a aposentada Sirlei Pinheiro Carvalho, se mudou para a casa de trás, da filha, já que a sua, em frente, está inclinada e inacessível desde as enchentes. “Não consegui pegar nada da casa ainda. Tenho coisas lá dentro de que preciso. Tinha comprado um roupeiro novo depois da primeira enchente, de setembro. Agora disseram que eu não posso entrar na casa antiga porque precisam fazer a vistoria antes, e ainda não fizeram”, relatou ela.

Nos dois casos, as famílias conseguiram obter o Auxílio Reconstrução, de R$ 5,1 mil, do governo federal, e compraram materiais, no caso de Éricles, e pagaram despesas, na situação de Sirlei. Porém, há o temor de que novas chuvas pudessem frustrar os trabalhos. Antes das chuvas da semana passada, a Defesa Civil de Eldorado do Sul havia publicado um vídeo em suas redes sociais advertindo para altos volumes de precipitação, o que acabou elevando o nível do Guaíba e rio Jacuí, mas não o suficiente para a água invadir as áreas atingidas pela cheia de maio. Procurada para informar atualizações da reconstrução, a Prefeitura não foi localizada.

Correio do Povo

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