sexta-feira, 20 de setembro de 2024

“Parece guerra de torcida”, diz professor da USP sobre reforma tributária

 Humberto Ávila manifestou preocupação em relação ao projeto que tramita no Senado

Advogado citou trechos das mudanças propostas, que, na sua opinião, devem ser revistas 

As discussões sobre a reforma tributária assumem caráter passional e, muitas vezes, não são produtivas, segundo o advogado Humberto Ávila, que é professor titular de Direito Tributário na Universidade de São Paulo (USP). Como resultado, aspectos técnicos do texto ficam de fora do debate. “Parece guerra de torcida”, ressaltou o convidado do Meeting Jurídico da Federasul desta quinta-feira, 19. Tema central do encontro, o Projeto de Lei Complementar 68/2024, que regulamenta a reforma tributária, foi alvo de críticas por parte de Ávila, que se posicionou de forma contrária a alguns trechos.

De acordo com a interpretação do palestrante, o texto do projeto não expressa de forma clara a diferença entre bens e serviços. “Isso é um problema sério”, disse o convidado, alertando que podem passar a ser tributadas atividades econômicas que não envolvem lucro, como, por exemplo, transações entre cônjuges.

Outra crítica foi referente ao trecho do PL que regula a tributação de produtos. Segundo Ávila, o texto define que, se o valor de venda informado for inferior ao valor de mercado, o imposto pago será sobre o preço de mercado. “Se eu vender um produto a R$ 10, e o valor de mercado for R$ 20, eu posso ser obrigado a pagar o imposto referente aos R$ 20 do valor de mercado”, exemplificou.

Ele ressaltou ainda a importância de que diferentes pontos de vista sobre o tema sejam considerados, e que tem dúvidas em relação à transparência do projeto. “Se criou a ideia de que o sujeito que critica a reforma tributária é contra o progresso. Eu não sou contra o progresso, sou a favor da Constituição”, salientou. “Existe uma discrepância grave entre aquilo que se diz que está sendo feito e o que está sendo feito na prática”, finalizou o docente.

Correio do Povo

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