Ansiedade e apreensão são relatados após dezenas de avisos sobre temporais, que nem sempre se confirmam
Alertas Climáticos através do celular importunam usuáriosMoradora de Esteio, na Região Metropolitana, a analista de qualidade Nicole da Silva, 32 anos, relata ter passado episódios de ansiedade e apreensão durante o temporal desta semana, tanto pela chuvarada em si, quanto pelo excesso de comunicados da Defesa Civil Estadual no telefone celular. “Incomoda, porque são alertas demais, e quando for algo realmente de verdade, as pessoas não vão dar bola. Vão pensar: ‘tudo bem, apenas mais um alerta’. Cada SMS informa que o comunicado vale para as próximas três horas, e a cada três horas mandam um novo”, comentou ela.
A especialista em proteção de dados Luana da Rocha, que mora no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, também ressalta que o excesso de avisos a deixa “bastante ansiosa”. “Outra coisa que acontece também é receber mensagens de alertas tão contínuas que nem levo mais a sério. Recebi tantas vezes que nem choveu ou teve ventania que hoje não acredito nos informativos do governo”, critica ela.
“O que era para ser informação, virou spam. Estou somente ignorando”, prossegue Luana. Somente na última quinta, Luana contou ter recebido cinco, e no último mês, mais de 30 mensagens. No entanto, há relatos de moradores da zona Norte da Capital que afirmam ter sido bombardeados de avisos, como 24 SMSs e 17 mensagens no WhatsApp em um período de 34 horas entre a tarde de terça até a manhã de quinta.
Os avisos legítimos disparados gratuitamente pelo órgão estadual via mensagens SMS são curtos e, de maneira geral, trazem a previsão do acontecimento, para que momento e os telefones de emergência 190, da Brigada Militar, e 193, do Corpo de Bombeiros. Mas a frequência deles nas últimas semanas, em que pese os recentes temporais, tem causado incômodo. “Sinto que esse volume de mensagens acaba, de fato, banalizando o serviço”, ressalta Nicole.
Os alertas do órgão são, na realidade, um excerto, feito para caber no limite de 160 caracteres da mensagem de texto, de alertas mais robustos publicados no site da Defesa Civil, geralmente com mapas das regiões afetadas. Na prática, os moradores que cadastraram CEPs em áreas que correm riscos naquele momento vão receber os avisos. A Defesa Civil Nacional implantou, no último dia 10 de agosto, o Defesa Civil Alerta, com a ideia de complementar os alertas existentes.
Esta tecnologia é chamada cell broadcasting. Neste caso, não é preciso inscrição prévia para o recebimento. Moradores de 11 municípios brasileiros, entre eles os gaúchos Muçum e Roca Sales, passam a ser informados sobre riscos em potencial mesmo se o celular estiver em formato silencioso. No caso de eventos extremos, o aviso também sobrepõe a tela do aparelho, independentemente do conteúdo em uso.
Em sua página oficial, a Defesa Civil do RS informa que os avisos são embasados “em diversos centros e institutos de meteorologia”, e que “avisos e alertas são previsões e podem ou não se confirmar”. Por ora, o cadastro pode ser feito informando o CEP desejado por meio de mensagem SMS para o número 40199. O serviço é gratuito.
O que diz a Defesa Civil
A Defesa Civil estadual informa que, durante o último evento meteorológico ao longo da semana de 21 a 26 de setembro, encaminhou à população do Rio Grande do Sul 57 alertas pela Interface de Divulgação de Alertas Públicos (IDAP), cujas mensagens são enviadas aos celulares da população cadastrados no serviço.
Ainda, informa que, a partir da operação de monitoramento com o uso do radar meteorológico, que cobre Porto Alegre e um raio de 150 km a partir do equipamento, as equipes do Centro de Operações de Proteção e Defesa Civil têm feito previsões mais assertivas, com recortes mais específicos em relação ao tipo de risco (temporais, ventos intensos, granizo, descargas elétricas, etc), em relação à duração do risco e ao recorte geográfico que, agora, têm condições de prever eventos meteorológicos para regiões específicas e, até mesmo, municípios específicos.
Os alertas são enviados com base na avaliação de risco: quando as equipes de meteorologistas e hidrólogos identificam quaisquer fontes de risco à população, esses dados são repassados à Defesa Civil, para que seja feito o envio do alerta, buscando sempre que a população da área afetada possa estar atenta e adote comportamentos preventivos, que podem salvar vidas.
A cultura de prevenção não trata somente no que diz respeito ao risco de vida iminente mas, também, à preservação frente aos transtornos associados que podem ser queda de árvores e postes, interrupções de energia elétrica, alagamentos pontuais, acidentes domésticos envolvendo energia elétrica, e outras ocorrências que se confirmaram ao longo dos últimos dias em, pelo menos, 52 municípios gaúchos.
Correio do Povo
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