terça-feira, 24 de setembro de 2024

Israel ataca alvos do Hezbollah no Líbano após bombardeios que mataram quase 500

 Ataques aumentaram os temores de um conflito regional, quase um ano após o início da guerra em Gaza



Israel voltou a bombardear alvos do Hezbollah no Líbano na madrugada desta terça-feira (24), um dia após os ataques intensos que deixaram quase 500 mortos. Os ataques aumentaram os temores de um conflito regional, quase um ano após o início da guerra em Gaza.

A Assembleia Geral da ONU em Nova York nesta terça-feira será dominada pelo medo de uma guerra ampla no Oriente Médio, após a intensificação da escalada militar entre o Exército israelense e o movimento islamista pró-Irã Hezbollah no Líbano.

Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023 com o ataque do Hamas em território israelense, o Exército de Israel e o Hezbollah, que apoia o aliado palestino, trocam tiros quase diariamente ao longo da fronteira entre Israel e Líbano.

Mas na segunda-feira foi registrado o dia mais letal na região, quando Israel bombardeou "quase 1.600 alvos terroristas" no sul do Líbano e no Vale do Bekaa, no leste, redutos do Hezbollah.

Ao menos 492 pessoas morreram nos ataques, incluindo 35 crianças e 58 mulheres, e 1.645 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde libanês.

Vários integrantes do Hezbollah morreram nos bombardeios, afirmou o Exército israelense.

Durante a madrugada desta terça-feira, as tropas israelenses voltaram a atacar "dezenas de alvos do Hezbollah em diversas áreas no sul do Líbano", informou um comunicado militar.

Mais de 50 projéteis foram lançados nesta terça-feira a partir do Líbano contra o norte de Israel, segundo as forças militares israelenses. "A maioria dos projéteis foi interceptada", afirmou o Exército.

O grupo islamista anunciou que lançou mísseis Fadi 2 contra Israel durante a noite. O Exército israelense confirmou ter detectado quase 20 disparos.

"Massacre"

"É uma catástrofe, um massacre", declarou Jamal Badran, médico de um hospital de Nabatiye, no sul.

Milhares de libaneses fugiram das áreas bombardeadas, segundo o Ministério da Saúde, e buscaram refúgio em Beirute ou Sidon, a maior cidade do sul do país.

Muitas pessoas passaram a noite em seus veículos, bloqueadas nas rodovias que levam à capital.

"Quando os bombardeios se intensificaram e ficaram mais próximos, as crianças ficaram com medo e decidimos partir", disse Hasan Banjak, refugiado em uma escola de Sidon.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recomendou na segunda-feira aos libaneses que "afastem-se das áreas perigosas" durante a "operação".o chefe de Governo libanês, Najib Mikati, denunciou um "plano de destruição" contra seu país, onde as escolas permanecerão fechadas nesta terça-feira.

Risco de "guerra total"

"Estamos quase à beira de uma guerra total", alertou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell. A França solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre o Líbano esta semana.

Em apenas um dia, o Exército de Israel "neutralizou dezenas de milhares de foguetes e munições", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, para quem o Hezbollah vive "a semana mais difícil desde a sua criação" em 1982.

O Exército também anunciou um "bombardeio seletivo" em Beirute, que teve como alvo, segundo o Hezbollah, o comandante da frente sul do movimento, Ali Karake, que saiu ileso. Israel está alterando a "relação de forças" no norte do país, segundo Netanyahu.O Hezbollah prometeu que continuará atacando Israel "até o fim da agressão em Gaza".

As hostilidades entre Israel e o Hezbollah aumentaram desde a onda de explosões de dispositivos de comunicação do movimento islamista na semana passada, atribuídas a Israel, ação que provocou 39 mortes, segundo as autoridades libanesas.

Na sexta-feira, Israel desferiu um novo golpe na milícia pró-Irã com um bombardeio na periferia sul de Beirute que matou 16 membros da sua força de elite, incluindo o seu líder, Ibrahim Aqil.

Trabalhar em "desescalada"

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que afirmou trabalhar em um "desescalada", pronunciará nesta terça-feira seu último discurso na Assembleia Geral da ONU.

O governo dos Estados Unidos se opõe a uma invasão terrestre do Líbano e apresentará "ideias concretas" aos aliados esta semana para tentar apaziguar o conflito, afirmou uma fonte da administração americana.

O G7 destacou que "nenhum país ganhará com uma escalada no Oriente Médio".

O presidente do Irã, Masud Pezeshkian, afirmou que o Líbano não pode virar "outra Gaza".

"O Hezbollah não pode ficar sozinho contra um país que está sendo defendido, apoiado e que recebe suprimentos dos países ocidentais, dos países europeus e dos Estados Unidos", disse Pezeshkian em uma entrevista ao canal CNN em persa, traduzidas para inglês.

AFP e Correio do Povo

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