segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Grande número de casos de doenças respiratórias gera preocupação em Porto Alegre

 Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) superam os do ano passado, mas menor número de pacientes evoluiu para óbitos na Capital

Emergências têm lotação na Capital 

O número acumulado de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) supera, neste ano, os dados relativos ao ano mesmo período do ano passado em Porto Alegre. Entretanto, apesar de ligeiramente maiores, o número de casos de pessoas com doenças respiratórias que evoluíram para óbito em 2024 é menor do que o de 2023.

Conforme o boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), até a 35ª semana epidemiológica a Capital acumula 1.913 casos de hospitalização por SRAG. O dado apresenta um crescimento de cerca de 18% nos casos, com base nos 1.616 acumulados até o período no ano passado.

O crescimento das doenças respiratórias em circulação elevou o alerta em Porto Alegre. As emergenciais em hospitais e unidades de pronto atendimento tiveram a capacidade de atendimento superada em até 400%, índice registrado no Pronto Atendimento do bairro Bom Jesus (Pabj).

Já no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que tem o maior número de leitos disponível na cidade, a ocupação chegou a superar os 280%. Índice semelhante também ocorreu no Hospital São Lucas, da PUCRS.

O chefe do serviço de pneumologia do Hospital Santa Casa, Adalberto Rubin, explica que a SRAG é uma reação do pulmão a algum tipo de agressão, geralmente um processo viral, mas que também pode ser bacteriano. “O pulmão inflama e torna difícil as trocas respiratórias. Ele capta menos oxigênio, o que causa uma série de situações que vão complicar o funcionamento adequado”.

Conforme o especialista, este tipo de situação está mais frequente neste ano, mas não há, ainda, uma resposta para os fatores determinantes. “Não sei se pela umidade, pela poluição, ou até pela enchente, pode ter alterado alguma situação que a gente não compreende muito bem. Mas está mais frequente esse tipo de comprometimento (SRAG), que aconteceu muito durante a pandemia do Covid-19 e era uma das principais causas de morte dessa população, mas esse ano está pior. Está acontecendo alguma coisa diferente em todas as faixas etárias”, ressalta Rubin.

Ele acrescenta que a principal busca por atendimento é o de pessoas que já têm uma doença prévia, como asma e bronquite. Além disso, em todos os anos, a umidade e o frio faz com que as pessoas ventilem menos as residências, que também pode favorecer a contaminação por vírus. “Todos os anos acontece, mas esse ano está acontecendo com mais gravidade. Provavelmente os vírus estão mais agressivos, mais disseminados e isso favorece que outras pessoas apresentem essa síndrome. E, sem dúvidas, isso pode até evoluir para uma pneumonia, que pode agravar o comprometimento. Pulmonar”, conclui.

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Mais casos e menos mortes

Analisados somente os números de SRAG, a curva de casos deste ano é semelhante ao ano passado. Nas duas últimas semanas, porém, a curva de casos acumulados apresenta um declínio, o que pode representar uma diminuição nos próximos dias. O número de óbitos em 2024 é menor ao de 2023.

Enquanto no ano passado, até a 35ª semana, haviam sido registradas 160 óbitos por doenças respiratórias, neste ano Porto Alegre acumula 106.

Outra doença respiratória que apresenta aumento é a Influenza – ou gripe. Neste ano, a Capital já teve 100 hospitalizações a mais do que no ano passado, saindo de 107 para 207 casos. Os óbitos também representam quase o dobro de aumento, crescendo de 12 para 21.

As crianças com menos de um ano representam a faixa etária com maior incidência de internações por SRAG, com 668 casos. Já as mortes atingem, principalmente, os idosos. A faixa entre os 60 e os 79 anos totaliza 44, enquanto 34 mortes são de pessoas com mais 80 anos. Embora atinja praticamente o mesmo número de homens e mulheres, este tipo de doença teve em pacientes do sexo feminino 58,4% das mortes, contra pouco mais de 41,5% dos homens.

Entre os subtipos da doença, a Influenza A (H3N2) é que apresentou o maior número de internações neste ano, com cerca de 69,23% do total. Na sequência aparece a Influenza A (não subtipado), com 23,9%, e a Influenza A (H1N1), com 6,83%. A Influenza do tipo H3N2 também é a que mais causou mortes em Porto Alegre, com 76,19%, seguida pela não subtipada (49,05%) e H1N1, com 4,76%.

O público mais vulnerável é o de pessoas com mais de 60 anos. Idosos com idades entre 60 e 79 somam 66 casos e 10 óbitos. Já entre os idosos com mais de 80 anos, são 44 internações e 8 mortes pela Influenza.

Se as SRAG’s e a Influenza somam mais casos no comparativo, a Covid-19 tem menor incidência neste ano. Dos 294 casos registrados nas primeiras 35 semanas de 2023, o número baixou para 157 em 2024. Os óbitos representaram uma redução de 50%, caindo de 80 para 40. Neste ano, a incidência em homens é ligeiramente maior (50,32% a 49,68%), porém, entre as mortes, as mulheres somam 60%.

Outro índice divulgado pelas SES/RS doença que apresenta crescimento neste ano, no comparativo ao ano passado, é número de casos de Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Até a 35ª semana, a Capital teve 532 internações em 2024, enquanto, em 2023, haviam sido 364.

Deste total, apenas 33 hospitalizações por VSR não são de crianças. Bebês com menos de 1 ano somam 383 casos, enquanto crianças de 1 a 4 anos totalizam 99 internações. Dos 5 aos 9 anos, 17 crianças ficaram hospitalizadas pela doença.

Entre as mortes, Porto Alegre soma duas neste ano. No ano passado inteiro foram três. Os casos que levaram a óbito são de uma criança com menos de 1 ano e de uma pessoa idosa com mais de 80 anos.

Correio do Povo

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