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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Expointer também é coisa de criança

 Durante a tradicional feira agropecuária, considerada a maior a céu aberto da América Latina, o Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio, reúne variadas atrações que divertem e ensinam crianças e adolescentes


Se engana quem pensa que a Expointer — feira agropecuária de projeção internacional que acontece anualmente em Esteio — é coisa de adulto. Basta percorrer pequena parte dos 141 hectares do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil para notar que o público infantojuvenil responde por boa parte do quórum do evento. Acompanhados da família ou da turma de escola, vindos do meio urbano ou rural, crianças e adolescentes não ficam de fora da programação da maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina.

Guilherme, 8 anos, que o diga: em sua primeira visita à Expointer, não deixou de dar uma volta de pônei. Os pais e mães não escapam ao pedido: toda criança que passa pela atração quer participar. Além de divertido, o passeio é mais vantajoso que o de cavalo. “É que se cair, o tombo é menor”, explica Guilherme.

Guilherme, de 8 anos, garante que não tem medo de montar no pôneiGuilherme, de 8 anos, garante que não tem medo de montar no pônei | Foto: Gabriela Sardi / Especial / CP

Já Deivison, de 10 anos, e João, de 9, garantem que nunca caíram. Os pais são sócios em um haras de criação de pôneis, e os meninos estão habituados à montaria desde que tinham metade do tamanho do animal, que mede cerca de um metro. Para aproveitar os anos de experiência, a dupla compareceu às competições mirins da Expointer, participando das provas de escaramuça (que avalia o trote, galope e mansidão dos animais), morfologia e mansidão. Segundo João, é mais difícil lidar com pôneis do que com cavalos. “Como fala meu pai, pônei é temperamental, tem personalidade forte, que ele diz que eu também tenho”, assegura. Esse ano, a Expointer recebeu 102 animais da espécie, um aumento de cerca de 31% em comparação ao ano passado.

Os cavalos, porém, são uma atração à parte. No torneio de rédea campeira, realizado na última quinta-feira (29/8), muitas crianças acompanharam a competição das arquibancadas, enquanto outras disputavam as medalhas em cima das selas. Caroline, de 10 anos, e Antônia, de 15, montam há cerca de quatro anos. Contornando balizas e ziguezagueando entre obstáculos junto ao animal, as duas somam-se à maioria das crianças e adolescentes da categoria mirim, composta majoritariamente por meninas. “É um esporte ‘girl power’”, brinca Caroline. “Os meninos nos apoiam bastante, e nós apoiamos eles também”.

Antônia (E) e Caroline (D), se preparam para a prova de rédea campeiraAntônia (E) e Caroline (D), se preparam para a prova de rédea campeira | Foto: Gabriela Sardi / Especial / CP

Educação para a cidadania

A Expointer é um destino bastante procurado por escolas, e não é por menos: diversos estandes têm proposições informativas voltadas aos estudantes, que garantem aprender muito com o passeio. O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à Secretaria da Saúde do Estado, é uma das instituições públicas presentes no evento. Com morcegos, barbeiros e escorpiões expostos, o estande do Cevs orienta a população sobre os cuidados com animais peçonhentos — como o escorpião-amarelo — e com os transmissores de doenças — como os morcegos, que, se infectados, podem transmitir o vírus da raiva para as pessoas. Um jogo de tabuleiro distribuído pela equipe do Cevs, inclusive, ensina as crianças a respeito da prevenção da raiva humana, que perpassa ações como a vacinação anual de animais de estimação e a consulta médica em caso de mordida. Ainda, o material alerta: matar morcegos, cachorros ou outros animais transmissores é maldade e, na brincadeira, faz regredir no tabuleiro.

Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) expõe animais transmissores de doenças e orienta o público sobre o combate à raiva e outras enfermidadesCentro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) expõe animais transmissores de doenças e orienta o público sobre o combate à raiva e outras enfermidades | Foto: Gabriela Sardi / Especial / CP

O estande do Cevs também conta com um microscópio, em que o público pode observar ovos de aedes aegypti; e exemplares de uma armadilha, a “ovitrampa”, que utiliza levedura de cerveja e água para atrair a fêmea do inseto, que acaba por depositar seus ovos ali. Conforme explica Fernanda Zanini, graduanda em Biologia e estagiária do Cevs, por meio do equipamento a equipe do Centro pode reconhecer os locais com maior proliferação do inseto e, assim, expandir as ações de prevenção à dengue. Quem ouviu atenta à explicação da universitária foi Emilly Almeida, estudante do Técnico em Agropecuária concomitante ao Ensino Médio da Escola Agrícola Visconde de São Leopoldo. “Achei interessante aprender sobre o ciclo de vida do aedes. Só conhecia o da abelha, e é importante saber como se prevenir das doenças”, diz.

Para além da área ambiental, e considerando a época de eleições, outra instituição que compareceu à Expointer é o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS). Para Clener Nunes, servidor do órgão, é importante conscientizar as pessoas sobre o papel do voto na construção da democracia. “Conversamos com todo tipo de gente, de todas as idades, idosos, crianças e adolescentes”, conta. “As dúvidas que surgem são as mais diversas: onde devo votar?, como faço meu título de eleitor?, a urna é segura?”.

Por falar em urna, dois exemplares, programados para as ações educativas, estão dispostos no estande do Tribunal, à disposição do público. Uma delas fica em uma pequena mesa, a poucos centímetros do chão. “Essa é para as crianças”, explica Clener. Na simulação, os visitantes podem votar na coligação ou em algum candidato a vereador dos partidos dos Esportes, Ritmos Musicais, Folclore, Profissões ou das Festas Populares. Também há disputa para a prefeitura, com Natação, Heavy Metal, Bombeira, Festa Junina e Boto Cor-de-Rosa na disputa. “É uma forma de já habituar as crianças ao procedimento do voto, ensinar sobre a segurança da urna e o papel dos tribunais eleitorais”, diz o servidor.

Tribunal Regional Eleitoral do RS (TRE-RS) tem estande próprio na 47ª Expointer; votação simulada ajuda público a entender o funcionamento das urnasTribunal Regional Eleitoral do RS (TRE-RS) tem estande próprio na 47ª Expointer; votação simulada ajuda público a entender o funcionamento das urnas | Foto: Gabriela Sardi / Especial / CP

Escolas apresentam projetos sustentáveis

Vindos de todas as regiões do Estado, alunos de 26 instituições de ensino, incluindo escolas técnicas agrícolas e do campo, apresentaram projetos escolares na Casa da Embrapa. Selecionadas pelo Departamento de Modalidades e Atendimento Especializado da Secretaria Estadual da Educação, as escolas se revezaram ao longo da programação da Expointer para expor maquetes, criações e obras desenvolvidas por alunos e professores. Os projetos apresentados abordam temas como meliponicultura sustentável, confecção de piso de farelo de pneu e extração sustentável de fécula de batata-doce.

No espaço destinado à Escola Estadual de Ensino Fundamental Francisco Balestrin, de Tenente Portela, plantas e vegetais ocupam a mesa de exibição. A professora Cleni Lapazini e as estudantes Taís Kerber e Tamara Brum falam a quem se aproxima sobre as práticas de agricultura familiar desenvolvidas pela instituição, que atende cerca de 50 alunos. “Temos projetos no turno inverso ao das aulas, como o de horta escolar, auto medicina, cultura gaúcha e outros”, diz Taís, que define a experiência da Expointer como “inesquecível”. “Esperamos voltar no ano que vem”, acrescenta a diretora.


Correio do Povo

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