terça-feira, 10 de setembro de 2024

Enchente prejudicou diretamente mil famílias de pescadores da Colônia Z-5

 Ainda lutando por apoio e pela liberação da pesca do bagre, profissionais buscam se reerguer depois da tormenta

Situação dos pescadores vinculados à Colônia de Pescadores Z-5, na Ilha da Pintada | Daniel Portilla, pescador, trabalha para retirar seu barco Nautillus de banco de areia 

A presença dos novos bancos de areia entre a foz do Jacuí e o Guaíba, em Porto Alegre, material este trazido pela enchente de maio, está causando prejuízos aos pescadores vinculados à Colônia Z-5, cuja área geográfica se estende desde o Vale do Taquari até a Lagoa dos Patos, abrangendo por volta de 1,6 mil famílias, das quais mil, ou mais de 60%, foram diretamente afetadas. Na Ilha da Pintada, em Porto Alegre, as ruas já foram liberadas da areia, porém grande parte dela continua tomando conta de pátios de casas e principalmente a margem dos cursos d’água.

“Continuamos lutando pela liberação da pesca do bagre, que hoje segue proibida, ao menos para ajudar os pescadores neste momento”, afirmou o diretor financeiro da Z-5, Edimilson de Oliveira. De acordo com ele, o seguro-defeso, normalmente pago no período da piracema, em que a atividade é restrita, teve duas parcelas antecipadas, porém o valor não é suficiente para ajudar na manutenção das famílias. “Elas perderam tudo dentro de casa”, comenta ele.

Ao mesmo tempo, trafegar pela Pintada nas últimas semanas é andar por uma terra devastada. A maioria dos barcos continua na orla, destruídos ou danificados, junto com muito entulho ainda não recolhido, como restos de madeira de casas e galpões. Muitos moradores foram embora, e ainda na segunda, a colônia promoveu uma reunião para os habitantes que desejassem continuar vivendo ali. “Não podemos depender apenas de recursos públicos, mas precisamos reconstruir a vida por nós mesmos”, salienta Oliveira.


Nesta segunda, os pescadores Daniel Portilla e Joel Garcia estavam na margem da ilha manipulando uma “carreira”, equipamento que funciona como uma espécie de guincho para puxar barcos. O de Daniel estava posicionado em parte sobre um monte de areia, encalhado. De acordo com ele, há pontos do canal do Jacuí que ampliaram a profundidade, enquanto outros diminuíram. “Construí minha casa já mais alta para evitar a enchente, porém não tivemos como evitar”, observou Portilla.

Ao mesmo tempo, a corrente levou o excedente de areia para a ilha, frustrando ainda mais os negócios dos pescadores, que requerem agilidade no apoio. “Tinha pontos em que a profundidade era de cinco, seis metros, e tinha bastante peixe. Agora, está de três metros, e não é a mesma espécie. Ali (afirma, apontando para um local onde Daniel caminha), não era baixinho assim. A gente conseguia pisar antes. Onde é fundo, tem peixe, e onde é raso, não tem”, observou Garcia.

Correio do Povo

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