Especialistas comentam visões sobre este mercado em expansão no estado
As oportunidades da energia de biomassa e hidrogênio verde foram tema do primeiro painel da tarde no 4º Fórum de Energias Renováveis, promovido pelo Correio do Povo e Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS) na PUCRS, nesta quinta-feira, em Porto Alegre. Com mediação de Rafael Salamoni, vice-presidente do Sindienergia-RS, o ato trouxe a visão e impressões de diversos profissionais a respeito deste mercado, que está em expansão no Rio Grande do Sul.
Leomyr Girondi, diretor-presidente da Biotérmica e da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), por exemplo, disse que o estado tem grande expertise na agroindústria a geração energética, assim como já está sendo realizado com materiais orgânicos. “Em todas as regiões do estado, esta vocação existe. Há uma condição de trazer ganhos de volta para estes produtos de alguma forma”, comentou.
O coordenador de Operações e Manutenção da Biometano Sul, Leandro Sverssute, afirmou que a futura planta de operações do município de Minas do Leão, na região carbonífera, será 100% livre de emissões de dióxido de carbono equivalente na atmosfera. Na fase de projeto, ela está gerando 150 empregos diretos, e empregará 30 pessoas diretamente quando estiver concluída. O projeto tem investimento do governo do estado. “Vai trazer um bom retorno para a comunidade, e capacidade de transformar a região em um grande polo”, afirmou ele.
Luiz Leão, da Enerbio, e diretor de bioenergias do Sindienergia-RS, comentou que o Brasil ganhou “medalha de ouro” na geração energética na área do G20 no ano de 2023, com apenas 11% gerado a partir de fontes não-renováveis. Contou ainda sobre a experiência para geração de biomassa no município de São Sepé, no interior gaúcho. “Já temos uma condição muito boa neste sentido, e podemos melhorar ainda mais”, disse ele. Segundo Leão, 22% do arroz produzido no RS é transformado em casca, potencialmente cerca de 1,5 milhão de toneladas por ano.
Já Camilo Adas, diretor de Energia de Transição da Be8, antiga BSBIOS, afirmou que a empresa tem experiência na produção de biodiesel, mas está atenta às mudanças na cadeia produtiva energética limpa. Além de defender o uso do hidrogênio de baixo carbono, comentou a respeito da construção da fábrica de etanol em Passo Fundo, para cumprir a demanda do biocombustível no RS, hoje praticamente inexistente. "Se conseguirmos aproveitar a infraestrutura existente, conseguiremos descarbonizar muito rapidamente. E o Brasil continuará sendo exportador de motores a combustão para o mundo, para países que não vão conseguir descarbonizar, e devíamos prestar atenção nisto”.
Do Senai, André Luis Ribeiro Thomazoni comenta que, desde 1975, o consumo de energia da humanidade aumentou em 60% de 1975 para cá, e 200% nas toneladas de CO2 equivalentes, e é preciso investimentos para a resolução de problemas reais da descarbonização. Segundo ele, também é necessário intensificar esta agenda de pesquisa e desenvolvimento, com apoio da indústria, com efeito de contribuir para a competitividade industrial.
Rodrigo Huguenin, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), comenta que "todas as falas dos painelistas coadunam com a política energética estadual", e elogiou também a presença no Fórum de "profissionais qualificados, dentro de suas expertises". Afirmou também que as enchentes deixaram lições no sentido de infraestrutura energética, destacando que o planejamento é essencial para a construção de soluções presentes e no futuro. "É o momento de tomarmos decisões, planejar, para podermos medir as demandas e saber quais caminhos seguir", disse ele, ressaltando também a importância do Comitê de Planejamento Energético do Estado do Rio Grande do Sul (Copergs) para este aprendizado.
Correio do Povo
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